Esqueça as séries tradicionais de super-heróis. THE BOYS é sobre como o poder corrompe. E como o poder absoluto corrompe absolutamente. Alguém tem que fazer algo a respeito, certo?

Já devo ter falado repetidas vezes sobre como PREACHER é uma das minhas séries de quadrinhos favoritas de todos os tempos. Então é mais do que natural que eu virasse fã do Garth Ennis. Não acompanhei muito sua elogiada fase no Justiceiro, pois saiu numa época em que eu já estava meio que largando as leituras da Marvel. Mas quando THE BOYS saiu, é claro que eu tinha que conferir.

Se a adaptação de Preacher para a TV conseguiu deixar ruim algo sensacional (como eu já falei aqui), The Boys segue o caminho inverso, melhorando aquilo que já é bom.  

A premissa é a mesma. Vivemos em um mundo lotado de super-heróis, só que eles não são os símbolos de justiça, honra e bondade que vemos nos gibis. São, na verdade, um bando de cuzões que só fazem o que querem. Nesse cenário, acompanhamos a história de Hughie, que estava simplesmente cuidando da vida quando um belo dia, tem a namorada atropelada pelo Trem-A, um super-herói velocista.

Hughie se torna mais um efeito colateral entre tantos outros, em um mundo que os heróis são os maiorais e cagam pro resto de nós. É aí que ele entra no radar do Carniceiro, que está reunindo um time pra foder com os Supers. Francês, Leite Materno e a Fêmea completam a equipe, mas tirando uma cena ou outra “chupada” da HQ, as semelhanças param por aí.

Diferente dos quadrinhos, onde os cinco tomam o Composto V para ficar de igual pra igual no caso de um confronto com os babacas, na série eles continuam humanos, com exceção da Fêmea, que ganhou uma história de background muito melhor.

Na adaptação, a trama gira toda em torno do Composto V, que é o que dá poderes aos supers, e sobre como a Vought (empresa que administra a porra toda) os cria deliberadamente e tem planos de fechar um contrato com o exército.

Os grandes vilões da série, portanto, são os maiores heróis do planeta, Os Sete (numa clara paródia à Liga da Justiça), liderados pelo Patriota, que é uma mistura escrota do Super-Homem com o Capitão América. Estelar, uma garota ingênua que acredita naquele ideal romantizado dos super-heróis, acaba de entrar para a equipe e está prestes a levar uma dose de realidade na cara, na forma de um jato de porra.

Assim como na HQ, ela e Hughie iniciam um relacionamento, mas aqui há mais uma diferença. Se nos quadrinhos ela não revela sua verdadeira identidade e os dois começam a namorar mentindo um pro outro sobre quem eles realmente são, aqui não demora muito para que eles descubram a verdade, o que, é claro, serve para os propósitos ao grande clímax da temporada de estreia.

É claro, o humor negro presente na obra original também dá as caras o tempo todo aqui, com violência tarantinesca e tudo o mais. Mesmo sendo amenizada em vários momentos (o quadrinho não é para os fracos), a série pode chocar, mas o aviso está lá: 

Adult Content
Graphic Language
Graphic Violence
Nudity
Strong Sexual Content

Na HQ as coisas se desenvolvem de forma mais lenta, sendo a trama envolvendo os Sete correndo em paralelo enquanto Os Rapazes lidam com outros grupos. A série já vai mais direto ao ponto, o que ao meu ver foi um acerto, já entregando logo de cara os planos da Vought e dos Sete e focando neles.

Todos os personagens ficaram mais humanos e, porra, todos os atores estão fantásticos. Em especial o Karl Urban, de quem eu já era fã. O cara atuou em O Senhor dos Anéis, fez o Juiz Dredd, ficou perfeito como Skurge em Thor e agora arrebentou como o Carniceiro. O cara é foda.

E uma curiosidade bacana, o visual de Hughie na HQ é baseada no ator Simon Pegg, a quem chamaram para interpretar o pai de Hughie na série. O cara já está velho para fazer o papel de Hughie, mas legal terem chamado ele para fazer essa ponta.

Enfim, só senti falta do Terror, o bulldog do Carniceiro que rende boas risadas nos quadrinhos, e que os tradutores poderiam ter pesquisado os nomes dos personagens em Português para fazer igual. Patriota virou Capitão Pátria, Estelar virou Luz Estrela, Carniceiro virou Bruto e por aí vai. Aliás, no geral, as legendas do Amazon Prime deixam muito a desejar, fica o registro.

De resto, vale totalmente a pena acompanhar. São só 8 episódios, que te deixam esperando por mais. Mal vejo a hora de ver a segunda temporada.

2 comentários em “The Boys (série)

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