Apesar de ser um excelente jogo de PvP, ou seja, não possuir campanha solo, Predator Hunting grounds possui um lore excelente, que expande a história que conhecemos pelos filmes.

Lançado em 2020, o jogo foi produzido pela Illfonic, a mesma que trouxe o excelente jogo Friday 13th. Quem já conhece, sabe da atenção da produtora com os detalhes e aqui eles entregam um jogo bem divertido, em especial para aproveitar com os amigos.

Há apenas partidas online de 5 jogadores, no qual 4 fazem parte do fireteam, com alguma missão a ser cumprida na selva, e o outro é o Predador, com a missão, claro, de caçar o fireteam. Jogar como o alienígena caçador é simplesmente espetacular, dada sua quantidade de recursos: camuflagem, visão térmica, canhão de plasma, lança, disco, redes, armadilhas, etc. Mas não se engane: o objetivo é ser furtivo e ir caçando os caras, um por um. O Predador que vai muito “afoito”, querendo ganhar da equipe na base da porrada, vai tomar um pau com a mais absoluta certeza, hehehe.

Além disso, o jogo traz fitas de áudio gravadas por personagens que fizeram parte dos filmes. É claro, ficamos sabendo mais da história de Dutch (do primeiro filme), de Isabelle (do Predadores) e da OWLF (Other Worldly Life Forms Program), organização dedicada a estudar os Predadores que apareceu no segundo filme, liderada por Peter Keys.

Para falar mais sobre esse lore, acho mais fácil olharmos para cada personagem

Dutch (Arnold Schwarzenegger)

Logo depois de seu confronto com o Predador em Val Verde em 1987, Alan “Dutch” Shaefer foi entrevistado por Peter Keys (Gary Busey) e seu grupo, que procuravam entender o que havia acontecido naquela selva. Logo de cara, Dutch não confiou nessa agência secreta do governo que, na visão dele, estaria disposta a sacrificar quantas pessoas fossem necessárias para estudar e copiar a tecnologia alienígena.

Decide então partir em uma cruzada própria. Ele some do radar e volta a Val Verde para iniciar sua investigação e ouvir as histórias locais sobre o demônio que faz troféus de homens. Apesar de ouvir muito folclore local, Dutch não demora a concluir duas coisas. 1) que as aparições sempre se dão em áreas de extremo calor e de conflito. 2) Os Predadores já fazem isso há um bom tempo, talvez séculos, e vão voltar. Sabendo disso, ele resolve se preparar para um novo confronto.

Antes de partir para a caçada, contudo, ele voltaria a encontrar Peter Keys, por acaso, em 1992. Conversaram por horas em um bar e foi quando Dutch teve a confirmação de que o alienígena só estava ali para caçá-los, enxergando a humanidade meramente como sua presa.

Depois de missões frustradas, ele decide montar seu próprio time. Em 1996, no Congo, finalmente consegue encontrar um local com indícios da presença do Predador. Quando o encontro finalmente acontece, a equipe entra em pânico e os tiros atingem uma caixa de granadas, que manda tudo pelos ares. O Predador morre, mas também seus companheiros de equipe. Depois de recolher amostras de sangue e tudo mais, Dutch queima o que sobrou e desaparece uma vez mais, acreditando ter sido considerado morto junto com os demais.

Em 1997, ele fica sabendo do incidente em Los Angeles, mas assim como a OWLF, ele chega tarde demais e não tem a chance de ver a nave dos alienígenas. Acaba cometendo erros e é capturado pela OWLF, ao que fica sabendo da morte de Peter Keys. Negocia sua soltura em troca de seus achados no Congo, e então percebe o quão pouco eles sabem sobre a espécie alienígena. Como resultado, se oferece para trabalhar como consultor deles.

Com os recursos da OWLF e o conhecimento de Dutch, a organização foi ficando cada vez melhor em caçar os Predadores, recolhendo mais e mais material para pesquisas. No começo, isso foi bom, mas os alienígenas também são inteligentes. Eles perceberam a mudança e começaram a mandar caçadores cada vez mais letais.

Até que Dutch encontra uma fêmea pela primeira vez, em 2008, no Laos. Inteligente, letal, habilidosa e muito mais direta na matança. Sua armadura ornamentada remete à cultura egípcia (no jogo, é possível escolher a Predadora “Cleópatra”). Assim como em Val Verde, Dutch perde seu time inteiro, e ainda acaba preso à parede junto à afiada rede da caçadora. Ele ainda consegue ver ela ficar invisível e fugir pela selva antes da rede afrouxar e ele conseguir se libertar, com uma cicatriz na testa de recordação.

Ela o poupara, como se soubesse quem ele era. E por conta dos ferimentos, ele aceitaria ser submetido a um experimento, que não apenas o curaria, mas retardaria o envelhecimento de suas células.

Em meados de 2016, a OWLF foi fechada e uma outra organização chamada Stargazer assumiu o projeto dos Predadores (detalhes mais à frente). Sem liderança e experiência, mas extremamente arrogantes, era questão de tempo até cometerem erros. Em uma certa missão, conseguem fazer um Predador prisioneiro, ao custo de incontáveis mortes. Dutch sabia que isso era uma tremenda burrada, já que o pouco que poderiam aprender não valia a pena pelo enorme risco ao qual estavam submetendo todo mundo. É claro, o Predador se libertaria e mataria todo mundo.

Em 2025, com a OWLF reinstituída e liderada pelo filho de Peter Keys, Sean, Dutch ainda continuaria na caça, embora preocupado. Com as mudanças climáticas, o aumento da temperatura do planeta e cada vez mais guerras acontecendo, o número de Predadores sendo enviados para a Terra só aumenta.

Isabelle (Alice Braga)

A sargento-mor Isabelle Avigail Nissenbaum participou de uma experiência incomum. Depois de acordar em um planeta alienígena e ser caçada junto a outros assassinos como ela, conseguiria sobreviver juntando forças com Royce, um mercenário americano. Até aí, você já sabe, se viu o filme.

Ocorre que após eles matarem os Predadores, Royce seria marcado pelos Predadores, tendo sido considerado digno ou algo assim. Eles lhe presentariam com uma armadura, parecida com a que eles usam, mas adaptada para humanos. Ele usaria os recursos da armadura para encontrar um local de pouso e, com isso, descobrir duas naves.

Royce queria encontrar o inimigo cara a cara e, apesar das súplicas de Isabelle, acabaria desaparecendo após tomar uma das naves. Ela então passaria dias aprendendo a operar a outra e encontrar a Terra num diretório de planetas. Depois disso, foi relativamente simples traçar a trajetória e voltar para casa.

Aqui chegando, ela seria interrogada por Sean Keys, quando contaria sua história. Durante a troca de informações, acaba ficando evidente que os Predadores não são muito inteligentes. Eles tem a tecnologia, mas não entendem como ela funciona. São caçadores, não engenheiros. Não fazem manutenção. Se algo não funciona, eles simplesmente a abandonam.

Keys lhe ofereceria um emprego, ao que ela prometeria pensar a respeito.

Sean Keys

O filho de Peter Keys já trabalhava na OWLF quando seu pai ainda estava vivo. Em 1996, ele era diretor regional. É através da visão dele que acabamos conhecendo mais sobre a OWLF, Stargazer e tudo mais.

Seu relato confirma que o primeiro contato que tiveram com o Predador foi através do incidente de Val Verde e, através do interrogatório de Dutch e da coleta de informações, foram desvendando sua história. Sabendo que Dutch driblou a visão térmica de seu oponente através da lama fria, eles então tiveram a ideia de desenvolver o traje que camufla a temperatura corporal, vista em Predador 2.

Também ouvimos aqui parte da história do filme sob o ângulo da OWLF e ficamos sabendo que eles conseguiriam, inclusive, recuperar o braço do Predador decepado por Harrigan (Danny Glover). Braço, inclusive, que Dutch aparecera para tentar “dar uma olhada”.

Foi aí que os dois se encontraram e Dutch confessou ter mantido contato com seu pai ao longo dos anos, formando uma amizade e trocando informações sobre os Predadores. Parceria que agora continuaria com Sean, já que logo de cara, ele troca uma lança do Predador por um capacete totalmente funcional.

Graças ao braço e ao capacete, Sean conseguiria aumentar a verba da OWLF no final da década de 90, e com isso manter a equipe de Dutch trabalhando em segredo. Também, a análise do braço dá pistas sobre a condição atmosférica de seu planeta natal e viabilidade de vida humana, além de apontar para uma idade do Caçador da Cidade de aproximadamente 300 anos, o que seria considerado jovem para a espécie.

Quanto mais os estudos avançam e mais eles confirmam uma cultura tribal inerente aos Predadores, envolvendo honra, troféus e adversários dignos, mais fica discrepante a tecnologia por eles utilizada, já que na medida em que nossa espécie se desenvolveu, esses conceitos foram deixados para trás. É daí que vem a teoria de que eles teriam adquirido a tecnologia de outra espécie, o que supostamente se confirmaria através do interrogatório com Isabelle.

A busca pelo arsenal dos Predadores sempre é acirrada, já que os finais dos confrontos sempre terminam com uma cratera, ou corpo e armas destruídas, ou o cadáver recuperado por anciões. Em 1999, a equipe do Dutch consegue roubar um canhão de plasma do corpo de um dos Predadores antes que ele fosse levado, o que permitira replicar a tecnologia para uma arma de plasma (que inclusive está no jogo) nos anos seguintes. Já em 2001, Sean participa de uma missão junto com a equipe, no qual consegue testemunhar um confronto com um Predador. Dessa vez, porém, o alienígena ficaria ferido e fugiria numa espaçonave.

Em 2008, após o confronto de Dutch com a Predadora, eles teriam a oportunidade de realizar pela primeira vez experimentos em humanos depois de estudarem o kit médico utilizado pela raça alienígena, bem como compreender seu DNA, já que o segredo de sua longevidade estaria diretamente ligada à regeneração de tecidos. Foi o que salvaria Dutch e, claro, não seria o último experimento do qual ele toparia participar.

Após esse confronto, os encontros com Predadores diminuiríam, o que iria, pouco a pouco, minando o orçamento da OWLF até que, em 2016, seria finalmente fechada, sendo substituída pelo Projeto Stargazer, financiado por um grupo de empresas privadas. Várias pessoas que eram da OWLF continuaram no novo projeto, inclusive Sean, que se tornou chefe de xenobiologia.

Mas não Dutch. Ele novamente sumiria, embora mantivesse contato com Sean. Seus relatos confirmam o que Dutch já sabia: o Stargazer é desorganizado e parece muito mais interessado na construção de armas e na captura de um Predador vivo do que na ciência em si.

Para tanto, eles começam a produzir zonas de conflito no mundo todo, com o intuito de atrair os alienígenas. Não importa quanto tempo dure, o dinheiro que custe ou quantas pessoas morram, eles seguem com o plano. Sean percebe a ameaça que ele representam e cogita seriamente reunir provas para levar o assunto à Corregedoria.

Quando eles detectam uma nave Predadora caída no México (conforme visto no horrendo filme O Predador, de 2018), mandam todo mundo para lá e conseguem encontrar um Predador vivo nos destroços. É o mesmo sobre o qual Dutch falara em sua gravações. O Predador escapa e mata todo mundo, o que seria o começo do fim para o Stargazer. Sean consegue escapar e, depois do fiasco, foi apenas questão de tempo até que conseguisse mostrar as provas reunidas e dar seu testemunho para que o projeto fosse encerrado de vez.

Após isso, a OWLF é reinstituída, com Sean como diretor. Mas o Stargazer também continuaria. Como antigos diretores do projeto eram ex-fabricantes de armas ou lobistas da indústria armamentícia, o projeto agora continuaria de forma clandestina, suportando o tráfico de armas. E se eles conseguissem mais tecnologia alienígena, tanto melhor para eles.

É claro, toda essa criação do Stargazer é uma justificativa para se ter, nas missões do jogo, uma organização inimiga, já que a equipe de jogadores trabalha para a OWLF, sob o codinome de “Vodu”. Esse é o braço militar da OWLF, criado especificamente como resposta ao Stargazer quando eles identificaram que a concorrência estava ganhando força e pior, terceirizando o serviço sem escrúpulos algum, contratando todo tipo de mercenário para fazer o trabalho sujo.

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