Eu já havia falado do terceiro jogo desta série aqui, no calor do momento logo após zerá-lo, mas agora gostaria de fazer uma análise mais completa da franquia toda. Então, “senta que lá vem história”.
Max Payne – 2001
Este jogo lançado na virada do século revolucionou os games de ação por ser o primeiro a utilizar o recurso “bullet time”. Foi feito para PC, PS2 e o Xbox original, ou seja, se você jogá-lo hoje provavelmente vai achar ele bem “tosco”, pois não há comparação entre ele e os games de hoje em dia, no quesito gráficos e jogabilidade.
Contudo, a história é envolvente, lotada de referências à mitologia nórdica, e o “bullet time” realmente é divertidíssimo. Você pode usá-lo para se jogar para frente e para trás enquanto está no meio de um tiroteio, desacelerando o tempo enquanto desliza pelo ar e atira em bandidos ao mesmo tempo. Lembro que na época eu jogava na casa de um amigo meu e quando acontecia uma cena cinematográfica de você atingir o cara, a câmera girar ao redor de você e ainda mostrar Max de frente caindo no chão, tudo que conseguíamos dizer era “Noooooosssa!!!”. Éramos tudo uns “piá de prédio”, como dizemos aqui em Curitiba.
Na trama, Max é um policial de NY assombrado com o assassinato de sua mulher e filha por viciados na droga Valkir, ou simplesmente V. Ele pedira para ser transferido para o DEA para trabalhar infiltrado e encontrar os responsáveis. Depois de longos três anos trabalhando com seu parceiro Alex, ele finalmente descobre que Jack Lupino, um dos chefões da Família Punchinello, é um dos traficantes.
O jogo começa com Max indo encontrar Alex na Estação de Metrô Roscoe. Uma vez lá ele se depara um um assalto a banco em progresso e pior, acaba sendo incriminado pelo assassinato de Alex e passa a ser caçado pelo Tenente da Homicídios Jim Bravura. Tendo que fugir para limpar seu nome e descobrir que diabos está havendo, o próximo passo de Max é invadir o Hotel onde Lupino está, já que seu disfarce com a máfia foi pelos ares. Não encontra Lupino, mas sim evidências que ligam Angelo Punchinello, o chefe da família, à droga V e Jack Lupino. E Rico Muerte, um dos assassinos da família, que lhe aponta para o braço direito de Lupino, Vinnie Cognitti.
Enquanto caça Cognitti, Max descobre um outro jogador na arena, Vladimir Lem, chefe da máfia russa local que está em guerra contra os Punchinellos. Ao confrontar Cognitti, ele entrega a posição de Lupino. Ele está no clube Ragna Rock. É lá que se dá o confronto com Lupino, completamente viciado na droga V e obcecado pela mitologia nórdica. Após matá-lo, Max conhece Mona Sax, que estava em busca de Lupino para vingar a morte da irmã, Lisa Punchinello. Ela acaba lhe drogando e Max acorda amarrado, prestes a ser torturado por Frankie “The Bat” Niagara.
Ele consegue escapar, mas ainda está longe de descobrir quem armou para cima dele. É nesse momento que forja uma aliança com Vlad: ele precisa de ajuda para recuperar um navio com carregamento seu que Punchinello roubou. Se Max conseguir recuperá-lo, terá ajuda de Vlad para levar justiça a Punchinello. Max aceita.
Obviamente ele consegue cumprir sua parte e se suprir de armas. Em seguida, marca um encontro com Punchinello, mas cai numa armadilha da qual Vlad o salva. Sem mais nada a perder, ele invade a Mansão de Punchinello e o mata, mas acaba cercado por mercenários contratados por uma misteriosa mulher. Ela o droga e o deixa para morrer, mas Max sobrevive.
Antes de apagar, Max ouviu ela dizendo “Me leve a Cold Steel”. Era um armazém da Aesir Corporation. Ao invadi-lo, Max descobre sobre o Projeto Valhalla, que originou a droga V. A ideia era melhorar a força e a moral das forças armadas. Os resultados foram insatisfatórios e o projeto fora cancelado. Quem lhe conta o resto da história depois é Alfred Woden, até então uma voz no telefone que o ajudava em alguns momentos do jogo, mas agora quer encontrá-lo.
Woden é membro de uma sociedade secreta conhecida como Círculo Interno. No passado, eles foram responsáveis pelo Projeto Valhalla, mas depois de cancelado, um dos membros, Nicole Horne, decidiu continuá-lo. Ela era a inimiga misteriosa de Max e presidente da Aesir, onde a esposa de Max trabalhara. Ela descobrira sobre o projeto e por isso fora assassinada. Tendo Nicole como inimiga em comum, Woden diz que se Max matá-la, conseguirá retirar todas as acusações de seu nome.
O jogo inteiro se passa durante uma violenta tempestade de neve, o que dá um clima melancólico o tempo todo, que culmina com Max invadindo a sede da Aesir. Lá ele encontra Mona uma vez mais, apenas para vê-la levar um tiro e desaparecer pelo elevador. Depois de deixar um rastro de destruição pelo caminho, Max consegue finalmente explodir o helicóptero de Horne e se entrega para a polícia. O primeiro jogo termina com ele sendo preso.
Max Payne 2: The Fall of Max Payne – 2003
Woden cumpriu sua palavra e Max acabou saindo da história como herói. Tentando deixar o passado para trás, ele voltou a trabalhar na Homicídios e a nova história começa com ele indo atender a um chamado de tiroteios num armazém. É o primeiro contato que ele tem com mercenários que usam a fachada de uma companhia de limpeza. Ele consegue escapar e descobre que um outro caso, o assassinato de um senador que está sendo investigado por sua colega Winterson, está de alguma forma ligada aos tais bandidos. Para piorar, Mona Sax volta a aparecer e Max descobre que seu amigo Vlad também está envolvido de alguma forma, ao mesmo tempo que está em guerra Vinnie Cognitti, que sobrevivera ao encontro com Max no primeiro jogo.
E se antes tínhamos uma violenta tempestade de neve, agora a chuva a substitui. Temos um arsenal muito mais vasto de armas, os gráficos evidentemente melhoram muito e também a dinâmica do jogo. Por outro lado, parece haver um excesso de “cinematics” e os capítulos são mais curtos do que do primeiro jogo, dando a impressão em alguns momentos que tem muito mais história do que o jogo em si.
Winterson vive na cola de Mona, já que ela é suspeita no caso do senador. Em certo ponto ela acaba presa, mas consegue escapar e Max vai atrás. Os dois se unem contra os caras da companhia de limpeza para tentar descobrir que diabos está havendo, uma vez que eles querem a cabeça de ambos. Um dos grandes momentos do jogo é justamente quando você pode controlar Mona, usando um rifle de alta potência para mandar chumbo nos bandidos e dar cobertura a Max. Muito legal. E tenso também.
Logo em seguida, Winterson aparece para levar Mona novamente sob custódia. Mona afirma que Winterson é uma deles e está ali para matá-la. Winterson puxa a arma e no momento de tensão, Max responde instintivamente e atira contra Winterson. Mona foge e a policial ainda consegue atirar em Max antes de morrer.
Depois de acordar no hospital e presenciar o assassinato de Bravura, Max vai atrás do homem que tem as respostas, Alfred Woden. Ele afirma que há uma guerra civil dentro do Círculo Interno e Vlad quer tomar o poder, além de eliminar os que sabem sobre sua existência, incluindo Max. Uma vez sabendo da traição de seu “amigo”, Max forja uma aliança com o inimigo dele, Vinnie Cognitti.
Max vai então até Cognitti para tentar uma aliança. Ele consegue salvá-lo por um tempo, mas Vinnie acaba explodindo pelos ares. Mona consegue salvar Max do mesmo destino e depois o ajuda a invadir a Mansão de Woden, já que tudo indica que ele e Vald estão trabalhando juntos. É lá que Max descobre que Winterson tinha um caso de Vlad, o que na verdade o faz se sentir pior ainda. Mona também se revela como contratada de Vlad, mas não consegue matar Max e leva um tiro por isso.
Woden surje para tentar apaziguar os ânimos, mas é morto por Vlad, que diz ainda que foi Mona a assassina contratada para matar a Michelle Payne. Max vai atrás de Vlad para o acerto de contas. Woden morre, Vlad morre, Mona morre. A Max, resta apenas a amargura.
Max Payne 3 – 2012
De longe o melhor da série, a terceira parte do jogo se passa 5 anos após os eventos de “Max Payne 2” e não tem nada diretamente a ver com o que se passou, ou seja, não é preciso ter jogado os dois primeiros jogos para entender o enredo deste. Max agora trabalha como segurança em São Paulo para Rodrigo Branco, um rico empresário dono das Fábricas Branco. Ele tem dois irmãos: Victor, um influente político, e Marcelo, o caçula, típico playboy que só pensa nas festas e baladas. Rodrigo é casado com Fabiana e Max é pago para protegê-los.
Os comos e porquês de Max ter vindo parar no Brasil são explicados em algumas fases de flashback. Depois de tudo que passou, ele virou o típico clichê de policial em fim de carreira: alcoólatra e mergulhado em auto-piedade, passando os dias nos bares de New Jersey. É neste cenário que surge Raul Passos, um colega de Max dos tempos de academia (ou assim ele diz). Passos encontra Max no bar, no meio de uma confusão com o filho do chefe da máfia local e alguns de seus amigos. Uma coisa leva a outra e Max acaba matando o rapaz, pobre imbecil. Passos o ajuda a enfrentar a máfia, mas de um jeito ou de outro, fica bastante claro que ele está morto naquela cidade. Passos então lhe oferece o emprego de segurança da Família Branco, para quem já vinha trabalhando há algum tempo.
O jogo começa numa festa na cobertura dos Branco. Uma gangue local chamada Comando Sombra invade a cobertura para sequestrar Rodrigo e sua esposa. Max e Passos lutam com os bandidos e conseguem impedir o sequestro, deixando vários corpos pelo chão, claro. Neste cenário já fica claro o papel de dois personagens que serão importantes mais à frente: Becker, o chefe da UFE, e Wilson da Silva, um Capitão da polícia comum. Eles não se dão muito bem.
Alguns dias depois, Max escolta Marcelo, Fabiana e sua irmã, Giovanna (também namorada de Raul) até uma boate. É quando há nova tentativa de sequestro. Marcelo escapa e, com muito tiroteio, Max se esforça em salvar as garotas, mas falha em impedir o sequestro de Fabiana. O Comando Sombra envia então um pedido de resgate e afirma que o dinheiro deve ser entregue no Estádio de Futebol dos Galatians. Max e Passos vão entregar o dinheiro.
Uma vez lá, contudo, as coisas dão errado e tanto os bandidos quanto os mocinhos são alvejados por tiros de sniper. Aparentemente há outros jogadores na parada, que vieram atrás do dinheiro. Homens paramilitares fortemente armados, que conseguem matar os bandidos e fugir com a grana. Felizmente, Passos consegue ouvir um bandido falando que Fabiana está em algum lugar no rio Tietê. É ele quem também descobre que a organização paramilitar que os atacou é chamada de “Crachá Preto”.
Max vai atrás de Fabiana. Ele consegue descobrir o local do cativeiro e conhece Serrano, líder do Comando Sombra. Após uma frenética caçada e uma emocionante perseguição de barco, tudo o que consegue são mais corpos pelo chão. Tendo deixado Fabiana escapar uma vez mais, Max volta às Fábricas Branco. Subitamente, o Crachá Preto ataca o escritório, justamente quando uma falha na segurança ocorrera. Max consegue repelir os invasores, mas alguém consegue invadir o escritório de Rodrigo e matá-lo, além de plantar uma bomba. Tudo vai pelos ares, mas Max ainda consegue interrogar um dos membros do Crachá Preto que estava prestes a morrer. Ele pergunta por quê eles vieram atrás de Rodrigo, mas o bastardo conta que foram atrás de Max, por ele ter matado tantos deles. Max também descobre que Fabiana está sendo mantida na favela.
Com seu patrão morto e sem mais nada a perder, Max raspa a cabeça e invade a favela atrás de Fabiana. Só que um gringo burro subindo o morro não é lá uma boa ideia. Ele logo é assaltado e deixado para morrer, mas nesse momento Wilson da Silva volta a aparecer para ajudá-lo. Ele lhe fala sobre o Crachá Preto, sendo que está atrás de dois de seus Capitães, Neves e Rego e que de alguma forma, Victor Branco está por trás de tudo. Ele indica a provável direção de onde Fabiana está e Max faz seu caminho atrás de bandidos e traficantes até chegar ao Comando Sombra.
Uma vez lá, ele encontra Marcelo e Giovanna, que haviam levado uma vez mais o dinheiro do resgate, sendo feitos de refém junto com Fabiana. Acontece que os bandidos resolvem matar Fabiana e iriam matar todo o resto, não fosse a súbita chegada da UFE. Eles empreendem um ataque surpresa na favela, distribuindo tiros e sequestrando pessoas.
Max não demora a perceber que eles têm relações com o Crachá Preto. Um camburão cheio de favelados é entregue a um dos líderes do Crachá, Rego. Max o segue a tempo de ver Marcelo sendo queimado nos pneus, mas consegue salvar Giovanna e matar Rego. Ele foge com ela até uma garagem de ônibus e descobre que ela está grávida. Depois de muito tiroteio e um passeio de ônibus por São Paulo regado a balas e explosões, Max consegue salvá-la. Ela entra no helicóptero de Raul, mas ele não espera por Max.
Nesse momento Wilson da Silva volta a aparecer com algumas respostas. Ele sabe que Victor e Marcelo não são tão ricos como Rodrigo e estavam envolvidos com algum esquema de lavagem de dinheiro no Panamá. Com o irmão morto, a fortuna agora passa para Victor. Max provavelmente entrou no esquema apenas como um engodo. Eles precisavam de um gringo bêbado com histórico de violência dando tiros para todos os lados no momento em que Rodrigo fosse baleado. E Passos provavelmente nem foi seu parceiro na academia, ele apenas disso aquilo para que ficasse mais fácil cooptá-lo.
Wilson então leva Max a um prédio abandonado onde uma vez fora um hotel. Ele sabe que há algo acontecendo lá, envolvendo a UFE e o Crachá Preto. Max invade e descobre o destino dos favelados que foram raptados, inclusive Serrano: eles eram mortos e seus órgãos eram contrabandeados. Estavam todos no esquema: Victor, Becker, Neves. Max aproveita a deixa para mandar o prédio pelos ares e dar um fim no Crachá Preto. Neves, contudo, escapa da explosão e está prestes a revidar, quando Raul retorna e mete-lhe um tiro na cabeça.
Passos se desculpa, diz que não sabia de nada sobre o tráfico de órgãos, etc. Ele acaba indo embora com Giovanna e a Max, resta terminar o que começou. Da Silva precisa de provas contra Becker e Victor, a solução então é Max se entregar a uma delegacia da UFE. Wilson providencia uma explosão que causa uma rebelião e Max aproveita para escapar e procurar as evidências. Ele descobre o vídeo de segurança do assassinato de Rodrigo, no qual Bechmayer, o braço-direito de Becker, o mata. Mais uma vez Max deixa uma trilha de corpos pelo chão até chegar em Bechmayer e explodir sua cabeça.
E também chega até Becker, mas Victor aparece e os dois conseguem fugir, deixando Max para trás. Parece bastante óbvio que eles tentarão voar para fora do país e Max e Wilson os perseguem no aeroporto, onde se dá o intenso confronto final. Max consegue derrotar Becker e fica a cargo do jogador matá-lo ou não. Victor ainda tenta fugir e Max vai atrás pela pista do aeroporto, impedindo sua fuga. Wilson implora para que Max o deixe vivo, para que ele apodreça na cadeia. Max concorda, mas quebra-lhe a perna.
Com tudo resolvido, Max tira umas férias. Merecidas.
Max Payne – O Filme
O primeiro jogo foi adaptado para o cinema em 2008. Com a atuação porca de Mark Wahlberg e recheado com os grandes clichês dos filmes de ação, o filme tem pouco a ver com o original, como quase sempre acontece nas adaptações de games. Na história, ao invés de ser transferido para a Narcóticos e trabalhar infiltrado, Max foi relegado a trabalhar no Arquivo Morto e investiga a morte da família por conta própria, à margem da lei. Jim Bravura não é da Homicídios e sim da Corregedoria e as investigações de Max o levam a ser incriminado pela morte de Natasha (mas não era Lisa?), irmã de Mona.
Logo em seguida seu ex-parceiro Alex é morto logo após descobrir a conexão entre a morte de Natasha e de Michelle Payne. É claro, Max leva a culpa por isso também mas ao invés de agir como alguém normal para limpar o nome, ele se recusa a cooperar com a polícia sem qualquer explicação, invade o escritório de Alex, o que o torna ainda mais suspeito, e se alia a Mona Sax para descobrir o que está havendo.
Nicole Horne chega a aparecer mas não faz diferença alguma na trama. Em oposição, B.B., que mal aparece no jogo – embora se revele como um policial vendido no bolso da Aesir – aqui ganha mais importância, de forma que se torna o grande vilão. Ou seja, nada de máfia e nem nada disso, apenas um típico bandido de filmes dos anos 80. Aqui ele é um ex-policial que se tornou chefe de segurança da Aesir e faz papel de amigo de Max apenas para apunhalá-lo pelas costas no momento certo. Max confronta Lupino e B.B. o salva apenas para tentar jogá-lo no rio logo depois, o que faz todo o sentido do mundo. Mas não antes, claro, de explicar timtim por timtim o porquê dele mesmo ter matado Michelle.
É claro, Max escapa da cilada e acaba usando a droga V para justificar sua torrente de fúria no final, com muitos corpos pelo chão. Essa é uma película que você pode passar longe sem medo, seja você fã do jogo ou não.