Uma continuação mais do que digna para a saga de Senua, que supera o original em muitos pontos.

Exclusivo para Xbox, o primeiro Hellblade (2017), com o subtítulo de Senua’s Sacrifice, chamou atenção por conta de seus gráficos realistas, jogabilidade diferenciada e história original, colocando você para controlar uma pessoa com psicose. Não há jogo parecido, no qual você tem que lidar o tempo todo com – literalmente – vozes na sua cabeça, além de visões que você nunca sabe se são reais ou não.

Hellblade 2, portanto, é uma evolução natural do primeiro em muitos aspectos, a começar pelos gráficos. Visualmente o jogo é uma verdadeira obra de arte, com cenários e personagens mega realistas que aproveitarão a última gota de suor da placa de vídeo que você estiver utilizando (mas falamos disso mais pra frente).

Adicionalmente, tal como no primeiro, o jogo não conta com nada na tela que não seja a visão de Senua, ou seja – não há menus, informações sobre vida, dicas, tutoriais, nada, nem mesmo o ícone de loading. Só tem legenda se você habilitar e é a única coisa que vai aparecer, o que favorece a imersão e fortalece ainda mais a impressão de que você está vendo um filme no qual controla a protagonista.

Sobre o combate, há uma mudança substancial. Enquanto no primeiro jogo você poderia enfrentar mais de um inimigo ao mesmo tempo – e era justamente aí onde residia o principal desafio, já que você tinha que tomar cuidado para não ser cercado – aqui você enfrenta um de cada vez, mas as famosas “aparadas” necessárias em combate do tipo soulslike são mais complicadas de acertar. Ainda assim, está bem mais difícil de morrer do que no primeiro jogo, o que pode frustrar os jogadores mais hardcore.

Só para ter uma base,o tempo médio dos dois jogos é similar (6 a 8 horas), mas eu levei metade do tempo para fechar o 2 do que levei no 1, justamente porque no primeiro eu morri bem mais. Mas em contrapartida, o combate ficou muito mais dinâmico e realista, de uma maneira que eu nunca vi igual.

Os movimentos dos inimigos são incríveis e detalhados, bem como os de Senua, e logo que você derrota um, a maneira como o próximo inimigo surge sempre é diferente um do outro e dificilmente haverá repetição – seja puxando Senua para trás, seja surgindo pela lateral da tela e já lhe dando um soco, seja embolando-se com ela no chão. Tudo isso misturado com cinemáticas de um jeito muito natural e que não quebra a narrativa em nenhum momento. Certamente, o ponto alto do jogo está aqui, muito embora haja bem menos combates em relação ao seu predecessor.

Quanto aos puzzles, outro diferencial da franquia, eles estão lá, com algumas novidades, mas não chegam a ser um grande desafio. Também nem deveria ser o objetivo perder muito tempo com isso, já que poderia prejudicar a história.

Essa que, aliás, fica ainda maior do que no jogo original, ampliando o lore de Senua, que apesar de inspirada na mitologia nórdica, tem espaço para liberdades criativas, fugindo do lugar comum. Se antes a heroína desafiava os deuses para poder libertar seu amado de Hel, agora ela pretende libertar seu povo que vem sido escravizado por um povoado rival, mas para tanto terá de enfrentar gigantes.

Apesar de, no geral, ser tudo muito bem construído, novamente o desafio pode ser frustrante para alguns, já que os gigantes são bem fáceis de serem derrotados e a batalha final está aquém de ser um épico, como merecia. Ao derrotar o chefe final, fica aquela sensação de que poderia ter havido pelo menos mais umas 6 horas de jogo.

Ainda assim, Hellblade 2 com certeza figurará entre os melhores do ano. Dou nota 9/10 só pela falta de desafio e pelo tempo de jogo curto, mas nem por isso ele deixa de ser empolgante.

Ah, e se você está preocupado que o jogo não vai rodar no seu PC, ou se você não tem um Xbox, fica a dica: assine o Game Pass Ultimate, por 45 pila, e jogue na nuvem. O jogo roda lisinho, mas é interessante que você tenha um monitor de pelo menos 60 Hgz para não perder qualidade. E depois de 6 horas, você ainda pode aproveitar os outros jogo do pass. De nada.

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