Como pode um filme que custou apenas 5 mil dólares ter feito tanto sucesso e ter dado origem a uma das franquias de terror de maior sucesso de todos os tempos? O fenômeno protagonizado por Jason Vorhees aterrorizou os jovens dos anos 80 e recentemente deu origem a um divertido game multiplataforma. Vamos revisitar os filmes e falar um pouco sobre esse jogo?
A premissa dos filmes é essencialmente a mesma em todos eles: grupo de amigos está floresta. Assassino começa a mata-los furtivamente e das formas mais brutais possíveis, um a um. No fim, um sobrevivente descobre os corpos e luta contra o assassino, aparentemente matando-o e escapando de ser morto.
Mas então, por que tanto sucesso? Se você for ver os filmes hoje em dia, provavelmente concordará que são filmes toscos de dar dó. Mas talvez o sucesso não resida na história dos filmes em si, mas em toda a mítica que se criou em cima do assassino mascarado. Existe algo de mórbido que fascina as pessoas quando se trata de filmes com assassinos seriais. O primeiro filme do gênero, O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, foi inspirado na história de um assassino real, Ed Gein, que mutilava os corpos e fazia utensílios com estas partes. Depois de Massacre, vieram outros: Halloween, Sexta-Feira 13 e a Hora do Pesadelo, por exemplo. Uma fórmula que se provou ser de sucesso e, quando Hollywood descobre algo assim, espreme até cair os últimos centavos.
Talvez por isso o sucesso de Sexta-Feira 13: ganhou o público pelo cansaço? Há que se lembrar que naquela época não existia internet ou TV a cabo. Qualquer coisa “diferente” fascinava as pessoas e talvez aí Jason tenha cativado seu público, muito embora ele só tenha aparecerido no segundo filme da franquia.
Parte 1 (1980)
Muitas histórias giram em torno do acampamento Crystal Lake. Dizem que um menino morrera afogado em 1957 e dois monitores foram brutalmente assassinados em 1958, fatos que fizeram com que o acampamento fosse fechado. Agora, 20 anos depois, ele será reaberto e os jovens monitores vão até lá para o treinamento, até que começam a ser assassinados.
O interessante neste primeiro filme é que em momento algum nós vemos o assassino. As mortes quase sempre se dão em primeira pessoa, da ótica de quem está matando, ou o vemos de relance pelas sombras. No final, a jovem Alice descobre os corpos dos companheiros mortos e vai tentar fugir, quando dá de cara com Pamela Vorhees. A princípio amigável, ela promete ajuda-la, mas logo fica claro que a própria Pamela era a assassina o tempo todo. Fora seu filho, Jason, quem morrera afogado (ou assim ela acreditava) e ela culpou os monitores por isso, que não estavam prestando atenção no menino enquanto ela trabalhava na cozinha do acampamento.
Tal tragédia perturbou-a psicologicamente e ela então decidira se vingar dos monitores, matando dois deles no ano seguinte. Agora, ela não pretende permitir que o acampamento seja reaberto e que outra tragédia possa acontecer. Ela confronta Alice, que acaba usando um facão para arrancar-lhe a cabeça.
Outro fator bizarramente comum em todos os filmes é que o assassino tem uma facilidade incrível para matar furtivamente cada uma de suas vítimas, mas sofre miseravelmente para acertar um golpe que seja no personagem destinado a ser o sobrevivente da vez.
De qualquer forma, Alice foge após matar Pamela e desmaia numa canoa. Quando a polícia finalmente chega no local, um Jason completamente deformado surge das águas do lago e a puxa para baixo, ao que ela acorda no hospital. Os guardas explicam que ela foi a única sobrevivente e não fica claro se a imagem de Jason atacando-a fora um sonho ou não.
Parte 2 (1981)
O filme começa com Alice em seu apartamento, aparentemente ainda com dificuldades de recuperar-se do trauma do ano anterior. Vemos ela ser atacada e morta, mas mais tarde descobrimos que seu corpo nunca fora encontrado.
5 anos depois, o campo Packnack Lodge está para ser aberto. Ele fica próximo de Crystal Lake, que fora fechado definitivamente após a última tragédia. O treinamento dos monitores está para começar, então o líder, Paul, decide dar uma última noite de folga a todos. Metade deles decide ir até a cidade para curtir, enquanto o restante que resolve ficar começam a ser assassinados.
No bar, Paul e Gina conversam sobre a lenda de Jason. Dizem que ele não morrera no lago, que sobrevivera na mata, caçando ou roubando o que precisava, e que vira a mãe ser decapitada. Gina teoriza que alguém que crescera desta forma, sem nenhum contato humano, não distinguiria o certo do errado e que fatalmente seria um psicopata.
Quando os dois retornam ao acampamento, descobrem os corpos e são atacados por Jason, que usa um saco de pano na cabeça para esconder seu rosto deformado. Gina foge para a floresta, onde acaba descobrindo a cabana improvisada onde Jason vive. Lá dentro, ela vê a cabeça putrefata de Pamela posta em uma espécie de altar, juntamente com seu suéter. Ela decide colocar o suéter e tentar se passar pela mãe de Jason.
Quando o assassino chega, ela fala para ele recuar, o que funciona apenas temporariamente. Paul surge e ataca-o para salvar Gina da morte certa, ao que esta consegue lhe dar um golpe com um facão e os dois fogem, deixando seu corpo sem máscara para trás.
Parte 3 (1982)
A história começa imediatamente após o fim do filme anterior, com Jason fugindo da polícia. Ele rouba roupas novas do varal de uma mulher e mata ela e seu marido, voltando a esconder-se na mata, próximo da Higgins Haven, onde a jovem Chris e seus amigos pretendem passar um tempo se divertindo. É neste filme que Jason consegue a famosa máscara de hóquei pela qual ficaria famoso, após matar um dos jovens que estava em posse dela.
Novamente, a matança segue até que Chris se vê sozinha com o assassino. O confronto se dá no celeiro, onde ela tenta de tudo para pará-lo, chegando inclusive a amarrar-lhe uma corda no pescoço e jogá-lo lá de cima, mas nada funciona, até que, finalmente, ela consegue lhe dar uma machadada na testa, aparentemente matando-o.
Parte 4 – O Capítulo Final (1984)
O corpo de Jason é levado até o necrotério, onde ele acorda, mata um casal de funcionários e foge. Próximo a Crystal Lake, um novo grupo de amigos alugou uma casa para o final de semana. Sua inquilina, a Sra. Jarvis, é também a vizinha da casa, vivendo com seus filhos Trish e Tommy, de 12 anos. Tommy se tornaria um personagem recorrente na série durante os próximos dois filmes.
Basicamente, o plot é o mesmo. Jason começa a matar os jovens até que apenas Trish sobrevive, fugindo com Tommy. Este, que já ouvira falar da lenda de Jason Vorhees, decide raspar a cabeça para tentar confundi-lo. O estratagema funciona, sendo que ele fica parecido com Jason quando criança, e consegue distraí-lo quando Trish ataca e consegue arrancar-lhe a máscara.
Enfurecido, Jason vai ataca-la, mas Tommy consegue pegar um facão e cravar no crânio de Jason. O assassino cai no chão, mas quando percebe que ele ainda está se mexendo, Tommy pega o facão novamente e o ataca com enorme ferocidade até que ele morra.
Parte 5 – Um Novo Começo (1985)
Apesar da ideia original de aposentar a franquia no filme anterior, o enorme suce$$o fez a Paramount repensar o assunto e lançou um novo filme no ano seguinte. Agora já adulto, Tommy passa por sérios problemas mentais desde seu encontro com Jason na infância e chega no Instituto de Saúde Mental Unger. O lugar não chega a ser um hospital, deixando os pacientes livres, o que se prova ser um erro quando um deles mata outro.
Após o incidente, uma série de mortes começa a acontecer nas redondezas e, para a polícia, fica claro que Jason está de volta, ao mesmo tempo em que Tommy tem alucinações com ele. Após uma série de mortes, numa certa noite o Instituto é atacado e o assassino começa a matar os pacientes. Pam, uma das funcionárias, e Reggie, o neto do cozinheiro, conseguem fugir ao encontrarem com Jason.
Eles chegam até um celeiro, onde Tommy vem ajuda-los e, após um sangrento confronto, Jason cai de costas nas pontas de metal de uma grade. Contudo, quando sua máscara é removida, revela-se que ele não era, de fato, Jason Vorhees, e sim, um dos paramédicos que atendera o Instituto quando da primeira morte. Ocorre que o paciente que morrera era seu filho e ele decidira se vingar, usando a lenda de Jason para encobrir os assassinatos.
Parte 6 – Jason Vive (1986)
Aqui ocorre o ponto de virada na série e na história de Jason. Depois da má recepção do filme anterior com um assassino diferente, a Paramount decide voltar às origens e decide trazer Jason de volta. Agora, contudo, ele passa de um sujeito que era “apenas” duro de matar para realmente um morto-vivo sobrenatural.
A história começa com Tommy, ainda perturbado com seu trauma, querendo dar um fim a Jason de uma vez por todas. Aqui ocorre um pequeno erro de cronologia (como se alguém se importasse), já que no filme anterior é dito que o corpo de Jason fora cremado, mas Tommy vai até o cemitério onde ele está enterrado com a ajuda de um amigo. Com o intuito de destruir o seu corpo, ele abre a cova e o caixão, onde jaz o corpo deteriorado do assassino.
Num surto, ele pega uma barra de ferro da grade do cemitério e ataca o defunto, para ter certeza de que está morto. Ele deixa a barra de ferro cravada em seu coração e se prepara para atear fogo no corpo, mas nesse momento um raio cai na barra e traz Jason de volta à vida. Ele sai do túmulo e mata o amigo de Tommy, que não tem opção a não ser fugir. Jason recupera sua máscara e fica pronto para a matança.
Tommy vai até o xerife dar as más notícias, mas ninguém acredita nele. O xerife não quer complicações, principalmente agora que o campo Crystal Lake será reaberto com o nome de Forest Green e recebe um ônibus lotado de crianças. Enquanto a matança tem início, a única que acredita em Tommy é a filha do xerife, Megan, que decide ajuda-lo, tirando-o da cadeia.
Eles vão até o acampamento e Tommy, munido de uma pedra envolvida por uma corrente, sobe em um barco e atrai Jason para o confronto. Ele consegue passar a outra extremidade da corrente no pescoço de Jason e a pedra puxa o assassino para o fundo do lago onde, Tommy acredita, ele deva finalmente descansar em paz.
Parte 7 – A Matança Continua (1988)
A protagonista desta vez é Tina, uma paranormal que acidentalmente matara o pai abusivo quando criança. Agora seu psiquiatra lhe obriga a voltar a Crystal Lake como “parte do tratamento”, ao mesmo tempo em que alguns vizinhos alugaram uma casa para fazer uma festa de aniversário surpresa para um amigo em comum. Tina, ainda com um forte sentimento de culpa, vai até o lago e sente uma presença submersa. Acreditando que é seu pai, ela se esforça para usar suas habilidades e trazer ele de volta à vida mas, é claro, acaba ressuscitando Jason.
Ela desmaia ao ver o assassino saindo do lago e ninguém acredita em suas palavras, ao passo que Jason recomeça a fazer o que faz de melhor (com a célebre cena em que Jason mata uma mulher num saco de dormir batendo-a contra um tronco).
O psiquiatra diz a Tina que é tudo fruto de suas alucinações, enquanto Jason começa a matança na casa vizinha. Finalmente, sua mãe descobre que o psiquiatra trouxera ela até lá de propósito, fascinado com suas habilidades telecinéticas e com a lenda de Jason Vorhees. Tina tenta fugir, mas bate o carro próximo da floresta, onde acaba descobrindo alguns corpos e foge de volta para casa. Sua mãe e seu médico, que foram atrás dela na mata, acabam morrendo e Jason persegue Tina e seu novo namorado (um dos vizinhos) até sua casa.
Ela usa suas habilidades contra Jason, jogando objetos em sua direção, fazendo o teto da sacada desabar sobre ele, derrubando-o até o porão, atirando pregos em seu corpo, mas nada adianta. Finalmente, eles voltam ao lago, onde se dá o confronto final. Enquanto Jason está atacando o garoto, Tina, de alguma forma, consegue materializar seu pai, que vem do fundo do lado e puxa Jason de volta. É, não faz muito sentido, mas até aí… o quê faz?
Parte 8 – Jason ataca Nova York (1989)
O título desse filme é, de certa forma, sensacionalista, já que a maior parte dele se passa em um navio, sendo apenas o final em Manhattan. A história começa com um casal num barco, passando por Crystal Lake e ancorando. A âncora acaba ficando presa em um cabo de energia que passa próximo de Jason e causa uma descarga elétrica que novamente o traz de volta à vida. Ele mata o casal e acaba subindo a bordo de um navio onde uma excursão de estudantes se destina a Nova York.
Como sempre, Jason começa a mata-los um a um até que uns poucos sobreviventes são obrigados a abandonar o navio em um bote salva-vidas e chegam remando até Manhattan, mas com Jason ainda em seu encalço. Ele os persegue pelas ruas e vielas sujas da cidade e pelos túneis do metrô, até culminarem em túneis abandonados onde lixo tóxico é despejado. Jason encontra o último casal sobrevivente um instante antes das águas serem despejadas e o atingirem. O casal escapa e, quando as águas baixam e eles olham para onde deveria estar Jason, encontram apenas um garoto. Aparentemente, o trauma de ser afogado novamente reverteu sua condição de assassino sobrenatural ao de um simples garoto comum.
Parte 9 – Jason vai para o Inferno (1993)
Aqui os direitos da franquia passaram da Paramount para a New Line, que decidiu ignorar completamente os eventos do filme anterior e inserir novas informações que não fazem o menor sentido dentro da franquia. Temos um caçador de recompensas que nunca apareceu na franquia antes, mas é um especialista em Jason Vorhees, muito embora jamais tenha usado esse conhecimento para fazer algum bem.
Temos uma irmã de Jason, que jamais fora mencionada nos filmes anteriores e até mesmo a casa da família de repente aparece. Ficamos sabendo o nome do pai de Jason, mas ninguém parece se importar com que destino teve este cara. E as incongruências não param por aí.
Novamente, a história se passa em Crystal Lake, onde Jason continua vivo, bem e matando pessoas, como sempre fez. Não há qualquer explicação sobre como ele voltara para lá, diferente do que acontecia nos filmes anteriores. Uma agente da polícia disfarçada de donzela indefesa serve de isca para atraí-lo e, quando Jason ataca, percebe-se que é uma emboscada e um grupo de agentes fortemente armados atiram contra ele, tendo sucesso em explodir o seu corpo. Seu coração, contudo, continua pulsando.
No necrotério, o legista que analista o coração fica preso numa espécie de “encantamento” e acaba por devorar o órgão. Quando o faz, o espírito de Jason toma conta de seu corpo e ele volta a Crystal Lake para reiniciar seu ciclo de mortes. Desta vez, contudo, ele está atrás de sua irmã, que teve uma filha, Jessica, que acaba de ter uma filha bebê. Aparentemente, os corpos possuídos não duram muito e ele precisa ficar constantemente mudando de corpo.
O caçador de recompensas Creighton Duke afirma que somente por um Vorhees ele poderá renascer e somente um Vorhees pode mata-lo. Agora num corpo de policial, Jason ataca sua irmã, matando-a, e foge em seguida, deixando Steven, o ex-namorado de Jessica e pai da criança, como suspeito pelo assassinato. Steven fica sabendo dos planos de Jason na prisão quando conhece Duke e escapa, começando então uma frenética perseguição para impedir os planos de Jason, que já está num outro corpo, o do namorado atual de Jessica e astro da TV.
O confronto final se dá na casa dos Vorhees, quando Duke dá uma faca a Jessica que se transforma numa adaga. Ele afirma que ela deve matar Jason com aquela arma (oi?). Ok, seguindo em frente: o corpo do namorado de Jessica cai no porão da casa, onde também está o corpo de sua mãe. Uma criatura-Jason sai do corpo dele e vai para o cadáver da Sra. Vorhees, fazendo Jason renascer. Mas, espera, se ele poderia ter entrado no cadáver da irmã o tempo todo, por que diabos estava perseguindo Jessica durante a maior parte do filme? É, vai entender.
Enfim, Jessica consegue cravar a adaga no peito de Jason e ele morre. Mãos horríveis (feitas de borracha) surgem do chão e puxam Jason para baixo, arrastando-o para o inferno. Na última cena, vemos sua máscara enterrada na areia e a mão de Freddy Krueger surge para puxá-la, deixando o gancho para o crossover vindouro.
Jason X (2001)
Depois de fazer um filme completamente destoante em 93, a New Line vai ainda além e produz aquele é considerado o pior de todos, praticamente por unanimidade dos fãs. Novamente ignorando os eventos do filme anterior, a história se passa no futuro, onde um instituto de pesquisa mantém Jason capturado. Alguns burocratas querem usá-lo como cobaia para estudos, mesmo aos protestos da agente Rowan e, neste processo, Jason escapa. Ela se confronta com o assassino e se prende com ele numa câmara criogênica, onde permanecem por quase meio século.
Os dois são descobertos por um cientista e uma equipe de estudantes a bordo de uma nave espacial. Eles conseguem despertar os dois e, como sempre, a matança tem início. Jason consegue emboscar os militares, deixando Rowan e os estudantes desguarnecidos. Depois de algumas baixas, Jason enfrenta uma androide que consegue destruir o seu corpo. O cadáver, contudo, cai próximo a uma câmara de nanotecnologia projetada para fazer reparos tanto em tecidos orgânicos quanto não-orgânicos.
Jason, então, ganha um novo corpo, todo revestido de metal, e a perseguição é retomada. A muito custo, eles conseguem emitir um sinal de resgate e alguns deles conseguem fugir, mas um dos tripulantes é obrigado a se sacrificar para segurar Jason enquanto os outros fogem. Os dois despencam juntos de volta à Terra e Jason, aparentemente, acaba caindo de volta no lago.
Freddy vs Jason (2003)
Cronologicamente, faz mais sentido que este filme situe-se logo após “Jason vai para o Inferno” e explicaria o porquê dele estar vivo e capturado no início de “Jason X” (de novo: alguém se importa?). Não é preciso ter assistido à série “Hora do Pesadelo” para entender a trama, pois há uma breve explicação no início do filme sobre quem é Freddy Krueger e seu status atual: preso no inferno, esquecido pelos habitantes da Rua Elm e completamente enfraquecido, pois seu poder vem do medo de suas vítimas e, uma vez que ninguém se lembra dele, não há porque ter medo.
É então que ele encontra Jason no inferno e, fazendo-se passar por Pamela Vorhees, consegue trazê-lo de volta à vida: “Sabe qual é o seu dom, Jason? Não importa o que eles façam com você, você não pode morrer. Você nunca poderá morrer”. Frase, inclusive, que aparece frequentemente no jogo de que falaremos mais à frente. A ideia de Freddy é mandar Jason para a rua Elm. A brutalidade de seus assassinatos certamente fará com que se lembrem de Freddy Krueger e ele conseguirá recuperar seu poder sobre os sonhos dos jovens para dilacera-los.
E o plano dá certo. Depois de algumas mortes, Freddy volta a aparecer nos pesadelos deles e pode usar seu poder para mata-los. Ele não contava, contudo, com o fato de que Jason não pode ser controlado. Uma vez “fora da jaula”, ele não para mais de matar e deixa Freddy furioso, pois ele também quer suas vítimas. É então que consegue dominar a mente de um dos jovens e, fazendo uso de potentes tranquilizantes, atinge Jason, fazendo-o apagar. Tudo o que ele queria, para trazer o maníaco assassino para seus domínios.
Nessa altura, os sobreviventes já descobriram o que aconteceram e formulam um plano para livrar-se de Freddy para sempre: trazê-lo para a realidade e deixar que Jason cuide dele. Enquanto os dois se confrontam no mundo dos sonhos, eles levam o corpo adormecido de Jason até Crystal Lake, onde esperam que Jason tenha a vantagem. Uma das garotas entra no sonho a tempo de salvar Jason de ser afogado, já que Freddy acabara de descobrir a única coisa de que Jason tinha medo: sua infância no acampamento.
Jason acorda e ela consegue puxar Freddy para a realidade. Sem seus poderes de controlar os sonhos, o embate agora se dá no “mano a mano”, mas Krueger está longe de ser indefeso. Após um violento combate, os dois afundam mortos no lago.
A refilmagem de 2009
Depois de 2 filmes que podemos desconsiderar, a New Line agora acerta a mão no Sexta-Feira 13 de 2009. Muito embora eu não seja fã de remakes, eles conseguiram, neste filme, transportar a série para os dias atuais, como já haviam feito com o Massacre da Serra Elétrica. O filme começa fazendo referência com o final do filme original, com uma das monitoras fugindo da Sra. Vorhees e decepando-lhe a cabeça. Fica claro que Jason vira o ocorrido. Anos depois, acompanhamos um grupo de amigos indo acampar na floresta e todos eles são massacrados.
Meses se passam a o irmão de uma das jovens desaparecidas vai até Crystal Lake procurar por ela, ao mesmo tempo em que outro grupo de amigos decide passar o final de semana na casa de um deles. Jason começa a mata-los e descobre a máscara de hóquei em uma propriedade próxima.
O interessante neste filme é que eles procuraram deixa-lo mais próximo da realidade, eliminando o fator sobrenatural e voltando às origens, onde Jason era um maníaco extremamente forte. Após a perseguição de praxe, o irmão da jovem desaparecida consegue descobri-la, acorrentada nos subterrâneos do casebre onde Jason vive. Os dois o enfrentam num celeiro, onde aparentemente conseguem mata-lo.
Friday the 13th – The Game
Esta não é a primeira vez que um jogo baseado em Sexta-Feira 13 é feito, mas nem vale a pena mencionar o fraquíssimo jogo da época do Atari. Também, Jason apareceu como lutador extra no Mortal Kombat X de 2016, sendo bastante divertido de controla-lo.
Agora, porém, é a primeira vez que efetivamente podemos controlar Jason e caçar monitores dos acampamentos na floresta! Por enquanto o jogo conta apenas com o multiplayer e a premissa não poderia ser mais simples: cada partida comporta até 8 jogadores, sendo que 1 controlará Jason e os demais têm por objetivo escapar, o que, obviamente, não é tarefa fácil. Você pode escolher entre diferentes Jasons (Parte 2, 3, 6, 7, 8 e 9) e diferentes personagens, sendo que cada Jason e cada monitor têm diferentes habilidades, prós e contras.
Por exemplo, o Jason da parte 2 pode correr e nasce com mais armadilhas, enquanto que o da parte 6 nasce com mais facas de arremesso e tem maior velocidade na água. Já as habilidades dos monitores variam entre atributos como: compostura, sorte, velocidade, força e habilidades de reparo. Existem basicamente três formas de escapar: de carro, de barco ou para a polícia. Não basta, simplesmente, encontrar os veículos: deve-se encontrar as partes necessárias e instalá-las primeiro.
Para fugir de carro, é necessário bateria, gasolina e a chave. De barco, é preciso gasolina e a hélice. E para chamar a polícia, deve-se encontrar um fusível, encontrar a casa para instalar o fusível e ligar. Se o personagem conseguir completar a ligação, a polícia aparecerá em uma das duas saídas do mapa no tempo de 5 minutos. Aí é sobreviver esse tempo e correr até lá.
Como Jason, você possui quatro habilidades sobrenaturais: Morph, Shift, Sense e Stalk. As duas primeiras são habilidades de teleporte, sendo que com “Morph” você pode ir instantaneamente a qualquer parte do mapa. Já “Shift” é um teleporte de curta distância, usado para perseguir as vítimas. “Sense” é uma espécie de “visão sobrenatural” que mostra a Jason as casas ocupadas pelos monitores, ou vítimas que estão com medo. Finalmente “Stalk” permite que Jason aproxime-se sorrateiramente de suas vítimas.
Há ainda a opção de sobreviver à noite: se o tempo da partida acabar e você estiver vivo, você vence. Contudo, sendo que o tempo da partida é de 20 minutos, pode não ser uma boa ideia você simplesmente se esconder embaixo da cama ou numa barraca.
Logo de cara você percebe que é um jogo feito de fãs para fãs, a começar pelo cenário: a princípio existem 3 mapas: Crystal Lake, Packnack Lodge e Higgins Havens, inspirados respectivamente nas partes 1, 2 e 3. Tudo, desde o design das cabanas, até a mobília e as particularidades de cada cenário, são idênticos aos filmes. Crystal Lake, por exemplo, tem o banheiro externo onde ocorrem dois assassinatos, além da área de tiro ao lavo que aparece no filme. Já Packnack tem a casa de dois andares que é onde os monitores passam a maior parte do filme, e Higgins tem, além da casa da família, o celeiro onde se dá o confronto final.
Os mínimos detalhes são inspirados nos filmes. O galão de gasolina, por exemplo, você reconhecerá da Parte 3, na cena onde os motoqueiros tentam roubar gasolina de um dos personagens. A “lança” que o Jason da parte 6 usa no jogo é, na verdade, a barra de ferro que Tommy Jarvis crava em seu coração, onde cai o raio que lhe traz de volta a vida. Nesse sentido, trabalho impecável.
Por falar em Tommy, outra coisa que pode ser feita no jogo é pedir ajuda para ele via rádio. Quando isso é feito, um dos personagens que morreu ou escapou é escolhido aleatoriamente pelo jogo para voltar como Tommy Jarvis, idêntico ao personagem da Parte 6. Ele já chega equipado com uma “shotgun” e é o personagem com os melhores atributos.
Outra coisa interessante, a cabana de Jason, onde ele nasce na partida, é idêntica à da Parte 2, com a cabeça e o suéter de Pamela Vorhees, tudo igualzinho. Se uma personagem feminina encontrar a cabana durante a partida, ela pode roubar o suéter e usá-lo para “acalmar” Jason temporariamente em algum momento.
Há ainda, uma quinta forma de sobreviver à partida, mas extremamente difícil de ser executada: matar Jason. Para tanto, os sobreviventes devem ter conseguido tirar sua máscara (na base da porrada), um deles já deve ter voltado como Tommy Jarvis e uma personagem feminina deve ter conseguido roubar a blusa de Pamela e o machado da mesma cabana. A personagem paralisa Jason com a blusa e lhe dá um golpe com o machado em seguida. Jason cai de joelhos e Tommy, com um facão, crava a arma em seu crânio. A cena é emblemática porque remete ao final da Parte 4.
E, é claro, há as mortes. Cada Jason possui uma arma diferente e você pode equipá-los com até 4 tipos de mortes diferentes. Existem algumas mortes genéricas que você pode equipar para qualquer Jason e existem 3 mortes específicas para o tipo de arma que o Jason carrega. Estas mortes vão sendo “compradas” com pontos de XP que são ganhos a cada partida. Os pontos também podem ser gastos para comprar perks para os monitores, mas estes perks vêm “na sorte”. Você gasta 500 de XP e não sabe exatamente qual perk ganhará.
As mortes são as mais variadas e são ativadas quando Jason consegue agarrar a vítima (se ela não conseguir escapar, o que, claro, não é nada fácil). Existe a clássica “vou esmagar sua cabeça”, ou “enfiar os polegares nos olhos”, até o “supersoco” que arranca a cabeça ou atravessa o coração, passando por arrancar a mandíbula ou o abraço mortal. As mortes de armas também são brutais: desmembramento pelo machado, atravessar a cabeça com a lança ou enfiar o facão no torso e rasga-lo são apenas algumas.
Por fim, há as mortes ativadas de acordo com o ambiente. Se você encontrar uma vítima escondida em uma das barracas, é ativada a clássica morte de “bater o saco de dormir no tronco”, da Parte 7, mas há outras mais “simples”, como esmagar a cabeça contra a parede ou arremessar o corpo pela janela.
É claro, o jogo ainda tem problemas. Há diversos “bugs”, o jogo frequentemente fecha sozinho e há uma dificuldade enorme de se encontrar partidas. Um patch recentemente lançado corrigiu um pouco esse último item, mas os clubes feitos pelos fãs para a Live ou PSN ajudam a encontrar outros jogadores, então, ninguém fica exatamente sem jogar, mas é chato quando algo que deveria ser simples de funcionar, não funciona. Os produtores já justificaram dizendo que a demanda pelo jogo foi muito maior do que eles esperavam e que eles não estavam preparados para tamanho sucesso. Além de prometerem continuar corrigindo os defeitos, já também a promessa de expansão. Haverá single player e, é claro, são esperados DLCs com novos mapas e novos Jasons.
Em suma, o jogo é extremamente divertido, principalmente de jogar com os amigos. A tiração de sarro não tem tamanho. Esperamos que eles corrijam logo os problemas e lancem as já esperadas expansões!