Então… passando um pouco a febre de Vingadores, o assunto da vez é esse tal de Prometheus (pelo menos até que saia o novo Batman). Muito tem se falado sobre o filme, sobre toda a expectativa que ele gerou e não correspondeu, apesar de ser um bom filme. Mas afinal, qual é a dele?
Para os fãs da série Alien, esperava-se que Prometheus fosse um prelúdio de Alien – O Oitavo Passageiro e que explicasse algumas coisas sobre esse filme. Para entender melhor, acho interessante relembrarmos os quatro filmes da série. Para quem nunca viu nada a respeito, é uma ótima oportunidade para “se inteirar” na franquia… com direito a spoilers, é claro.
– Alien – o Oitavo Passageiro (Dirigido por Ridley Scott):
A história começa quando um cargueiro espacial, o Nostromo, está voltando para a Terra depois de uma missão. Mas a viagem é interrompida pelo computador de bordo, que acorda todos os sete tripulantes a fim de investigar um sinal vindo de um planeta próximo, o LV-426. A princípio, pensa-se que o sinal pode ser um S.O.S., mas a tenente Ellen Ripley logo descobre que mais parece ser um aviso para que qualquer forma de vida se mantenha longe do lugar.
Mas ela descobre isso um pouco tarde demais, pois três tripulantes já desceram no planeta e encontram uma nave abandonada. Na nave, que parece ter colidido há muito tempo atrás, há um cadáver alienígena com o peito aberto, como se algo tivesse explodido de dentro para fora. Ao investigar mais, os tripulantes descobrem uma série de ovos alienígenas, um dos quais se abre e salta uma estranha criatura que se prende no rosto de um deles.
Ao voltar para a nave, o infectado é posto em quarentena e todos os esforços para remover a criatura são inúteis. Eles logo descobrem que ela possui ácido no lugar de sangue, o que é um sistema de defesa perfeito. Não muito tempo depois, a criatura se desprende sozinha e acaba morrendo. O tripulante infectado parece estar bem, até que algo brota de seu peito, matando-o instantaneamente. Este foi o primeiro Alien visto no cinema.
Um a um, os tripulantes da nave vão sendo mortos ou capturados, restando apenas a tenente Ripley, que acaba por explodir o Nostromo e escapar num módulo de fuga.
O filme é tido por muitos como o melhor da série, justamente por ser um filme onde não se sabe NADA a respeito das criaturas mais letais do universo. Algumas perguntas, como “como o Alien se desenvolve” ou “de onde vieram os ovos?”, foram respondidas no próximo filme da série. Outras, como “de onde veio a nave espacial abandonada em LV-426?” e “quem era o cadáver nela?” permanecem em aberto até hoje, mas não é algo, nem de longe, que comprometa a magnitude do filme.
– Aliens – O Resgate (Dirigido por James Cameron):
Ripley ficou vagando por 57 anos no espaço até ser resgatada pela companhia a qual trabalha, a Weyland Corporation. Ela logo descobre que LV-426 tornou-se uma colônia durante esse tempo em que esteve hibernando. Ela conta sua história aos burocratas, que não acreditam nem um pouco nela. Até que a comunicação com LV-426 é perdida e uma equipe de fuzileiros é reunida para investigar. Ripley concorda em ir com eles, com a condição de que a missão seja para encontrar e destruir os Aliens e não para capturá-los e estudá-los.
É claro que tudo acaba dando errado e logo, os humanos é que estão sendo caçados, logo após encontrar a última sobrevivente do ataque, uma garotinha chamada Newt. Mais um filme de ação do que de suspense, ele traz algumas respostas e curiosidades. É a primeira vez que vemos uma Rainha dos Aliens e descobrimos que ela é quem põem os ovos. Assim, fica claro o ciclo de vida das criaturas: a rainha põe os ovos, que geram os parasitas que se fixam no rosto de um hospedeiro. O parasita infecta o hospedeiro com um embrião Alien, que se desenvolve dentro de seu peito. Ao nascer, o alien explode o peito do hospedeiro e passa a procurar novos que possam ser infectados.
Também é comum nos filmes de Aliens termos personagens andróides. Neste, o andróide se chama Bishop e é inspirado na imagem do fundador da companhia, Bishop Weyland. Curiosamente, o mesmo ator que o interpreta também aparece como o próprio Bishop Weyland em “Aliens vs Predador”.
Enfim, Ripley encontra a rainha e consegue dar cabo na mesma. Ela, Newt e o Cabo Hicks acabam sendo os últimos sobreviventes e entram nas cápsulas de hibernação para voltar para casa.
– Alien 3 (Dirigido por David Finch):
Aparentemente, a Rainha conseguiu colocar mais um ou dois ovos antes de seu confronto com Ripley, visto que há um parasita em sua nave, que acaba, inadvertidamente, provocando a queda da mesma no planeta Fiorina 161. Planeta este que é usado como uma prisão de segurança máxima.
Newt e Hicks não sobrevivem e Ripley desconfia que eles possam ter sido infectados, mas uma autópsia não revela nada. No entanto, é nesse filme que descobrimos que o hospedeiro do parasita não precisa ser, necessariamente, humano: ele infecta um cão (na versão do diretor, uma vaca) e assume as características de seu hospedeiro, movendo-se em quatro patas e com a forma do corpo diferente dos aliens que Ripley já conhecia.
Não demora para os corpos começarem a aparecer e Ripley ter de se aliar aos prisioneiros de Fiorina para dar cabo no monstro. Mas ela não tarda a descobrir que também fora infectada e que trata-se de uma rainha. Ela tem pouco tempo… mesmo porquê, a Companhia já descobriu isso e está indo até Fiorina para “resgatá-la”.
Ripley e os prisioneiros conseguem matar o último alien, pouco antes dos homens da companhia chegarem. Sabendo que morrerá de qualquer forma e que não pode deixar algo tão perigoso como uma rainha alien nas mãos da Weyland, Ripley se sacrifica e se joga num poço de lava escaldante, ao mesmo tempo em que a rainha tentava sair de seu peito…
– Alien – A Ressureição (Dirigido por Djean Pierre Jeunet)
No que diz respeito à franquia Alien, só os três primeiros são de grande importância. Este último foi uma tentativa fracassada de revitalizar a franquia, mas não se compara a nenhum de seus três predecessores. A história é a seguinte: passaram-se 200 anos desde Fiorina 161 e neste tempo a Weyland-Yutani faliu e tornou-se uma empresa exclusivamente com fins militares. Desde então, eles procuraram clonar Ellen Ripley com amostras de DNA de Fiorina 161 para tentar retirar a rainha de seu peito.
Eles conseguiram depois de oito tentativas, sendo que as outras sete resultaram em clones disformes que misturavam Ripley com dna alien. Então, eles conseguem retirar a rainha da número oito e infectar seres humanos para gerar doze aliens, com o intuito de “domesticá-los” e usá-los como armas.Qualquer um pode ver que essa ideia é estúpida e logo os aliens estão tomando a nave.
O processo de clonagem acabou fazendo com que Ripley ficasse com parte do dna alien em seu sistema, o que lhe deixou com sentidos mais aguçados e sangue ligeiramente ácido. E aí começam os problemas… Ripley fazendo piadinhas com sua situação o tempo todo, o que descaracterizou a personagem (embora, se pararmos para pensar que ela é um clone, não seria a mesma personagem).
Também os aliens foram descaracterizados, que antes apenas capturavam humanos para servirem de hospedeiros ou matavam apenas para se defender, agora passam a assassinos banais que matam apenas pela carnificina.
Em uma das cenas, o general da nave é atacado por um alien, que abre um rombo na parte de trás de sua cabeça. Antes de cair morto, o general ainda consegue pegar um pedaço de seu cérebro e olhar para ele. Fala sério.
Como se essas coisas não bastassem, a rainha agora acrescentou um novo ciclo, parando de gerar ovos e tornando-se grávida. Ela acaba dando à luz a um híbrido de alien e humano… o que não faz sentido algum. É claro que Ripley, uma vez mais, salva o dia e eles acabam indo parar na Terra, que vemos pela primeira vez na franquia.
– Prometheus:
Voltando ao assunto, esperava-se que esse filme explicasse as questões não respondidas em Alien – O Oitavo Passageiro. Ao menos uma delas é: o cadáver na nave abandonada pertence a uma raça alienígena que eles chamam de “Engenheiros”. Um casal de arqueólogos – Elizabeth Shaw e Charlie Holloway) descobre, depois de investigar algumas pinturas rupestres, que eles provavelmente nos criaram e deixaram um mapa astral para que os encontrássemos.
Assim, Peter Weyland (provavelmente filho ou neto de Bishop), no final de sua vida, dá seu aval para que os dois arqueólogos organizem uma equipe e vão investigar. Ocorre que eles vão para na lua LV-233 e descobrem uma base que os “Engenheiros” usavam para desenvolvimento de armas militares.
O andróide da vez, David, tem suas ordens diretas de Peter Weyland, que ao contrário do que todos pensam, ainda está vivo e a bordo da nave. Ele pretende ter seu próprio encontro com os Engenheiros e tornar-se imortal.
David, por algum motivo que não fica claro (um experimento, talvez?) infecta Charlie com um dna encontrado na base alienígena. Charlie tem relações sexuais com Liz antes de morrer e ela acaba ficando grávida de um parasita alienígena.
Desesperada, ela consegue fazer um aborto antes de saber que David encontrou um dos Engenheiros ainda em estado de hibernação. Assim, ela, Peter e David vão ao seu encontro, mas o tal Engenheiro parece ficar irritado com a presença deles ali e os ataca. Ele começa o processo de partir da espaçonave onde eles estão para a Terra, com o intuito de destruí-la.
Para detê-lo, Prometheus colide com a nave do Engenheiro, liberando uma cápsula de vida que poderá manter Liz viva por dois anos. Mas a tal criatura que ela deu a luz ainda está viva e está lá. O Engenheiro também sobreviveu e vai ao seu encalço, mas ela consegue fugir e o Engenheiro é obrigado a enfrentar a tal criatura. É nesse momento que fica claro que essa criatura é, na verdade, o primeiro parasita alien que, embora não esteja em seu formato tradicional, infecta o engenheiro e do peito dele, sai o primeiro alien da história.
O filme termina com Liz resgatando o que sobrou de David e pegando outra nave para ir atrás do planeta natal dos Engenheiros, em busca de respostas. O que incomoda no filme é justamente a falta de “fechar o ciclo” com o primeiro Alien, mas aparentemente, Ridley Scott quis iniciar uma nova franquia. O que, ao meus ver, foi um erro.
Uma continuação de Prometheus seria, muito provavelmente, um novo filme da franquia Alien. Então, por que não fechar o ciclo com Prometheus? Coisa que seria bem fácil de fazer. Bastaria que o Engenheiro não morresse depois de ter sido infectado pelo primeiro parasita. Ele poderia ter voltado à nave, iniciado o curso com a Terra novamente e… seu peito explodir no meio do caminho, fazendo a nave colidir em LV-426. O alien que sairia do seu peito seria uma rainha, que daria origem aos ovos que vemos em Alien – O Oitavo Passageiro.
Agora, ao invés de responder as perguntas, Prometheus cria novas. Por exemplo, no começo do filme vemos um Engenheiro num planeta – que parece ser a Terra – tomar um líquido negro que destrói seu DNA e ele cai na água. Dá a entender que foi dessa forma que eles “nos criaram”, mas também dá a entender que o líquido negro é o mesmo que David usou para infectar Charlie. Então, qual é a relação? Quer dizer que nós temos DNA Alien?
E por que é que o tal do Engenheiro ataca os humanos que o despertaram? Por que ele quer destruir a Terra? O experimento fugiu do controle? Mas então, por que deixar sinais com os humanos antigos permitindo que nós fôssemos ao encontro deles?
Coisas assim que “ficam no ar” e acabam meio que desapontando aqueles que, como eu, tinham uma grande expectativa com relação ao filme. Espera-se que um “Prometheus 2” as responda, ou ficaremos eternamente discutindo teorias nos sites e blogs da vida…