Nossos colegas do Guia de Quadrinhos fizeram, recentemente, uma pesquisa para conhecer melhor o público do site e também para tentar saber um pouco mais sobre esse tal de mercado digital, que todo mundo tem falado hoje em dia, mas ninguém ainda tem dados concretos sobre ele.

Claro que o ideal seria fazer uma pesquisa com toda a população de internautas leitores de quadrinhos do país, mas quem não tem cão, caça com gato.
Os resultados foram interessantes: aparentemente, 65% nunca ou raramente baixam scans. Resultado parecido com a pesquisa que eu e meu xará, o Léo Santana, fizemos em 2007 e que pode ser vista aqui. Na ocasião, identificamos que a maior parte realmente não baixa, porém, daqueles que baixam, acabam, de uma forma ou de outra, comprando o quadrinho impresso.
“Mas como assim?”, você me pergunta, “A internet está pipocando aí de quadrinho digital, todos os meus amigos lêem scan e minha tia acabou de me dar um ipad de presente de natal…”. Calma, pequeno gafanhoto. A coisa não é bem assim. Creio que a maioria ainda prefira o quadrinho impresso, sim, mas 65%, acho um número meio alto, e vou explicar porquê.
Primeiro, como eu disse, se quiséssemos um número representativo do leitor brasileiro de classe média, teríamos que pegar uma amostra desse universo, coisa impossível pra quem não tem verba. Isto posto, cabe salientar que o número representa as opiniões do público DO SITE Guia dos Quadrinhos, um público formado, na maior parte, por colecionadores, segundo números da própria pesquisa. Ora, colecionador não gosta de ler digital mesmo… colecionador gosta de ter quadrinho impresso ali, na mão.
Segundo, a pergunta foi específica referindo-se a SCANS, ou seja, quadrinhos “pirata”, o que pode acabar inibindo a resposta da pessoas. “O quê? HQ pirata? Claro que não leio, não”. E esse vício não faz só parte da pesquisa do GdQ, não, mas daquela que eu e o Santana fizemos, também.
Tá. Mas e aí, quanto aos quadrinhos legais, publicados na internet? Tem gente que lê? Claro que tem. Tem público pra tudo, até pra música sertaneja, oras. Agora, até termos uma pesquisa feita com critérios científicos, vamos continuar com essa impressão de que a maioria ainda prefere o impresso. Mas “quanto” é essa maioria? 80%? 65%? ou 52%? E será que esse número está aumentando ou diminuindo?
Percebem que o buraco é mais embaixo? Tem que se ter muito cuidado ao analisar esses números. Eu poderia dizer que 90% do público que visitou o estande da Quadrinhópole no FIQ afirmavam gostar de quadrinho digital. Mas lógico, é o público interessado.
Enfim, parabéns ao GdQ pela ótima iniciativa. Acho que o momento é ótimo, nosso mercado está crescendo, tanto o impresso quanto o digital, e precisamos mesmo de números para avaliar que rumo a coisa toda está tomando.

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