Esses dias acabei conhecendo um jogo muito bacana, cujo roteiro e o estilo da jogabilidade me impressionaram bastante.
Trata-se de Fahrenheit, uma espécie de RPG policial feita para PC, Playstation e não sei o quê mais.
A história é a seguinte: o protagonista, Lucas Kaine, estava de boa num restaurante, quando de repente “apaga” e, quando acorda, está no banheiro do restaurante, com as mãos sangrando, uma faca na mão e um corpo no chão.
Aparentemente, ele acaba de cometer um assassinato, mas não tem a menor lembrança de como ou porquê.
Ok, pode parecer nada muito original, mas você não apenas controla Lucas, como também os dois policiais que investigam o caso, a Detetive Carla e o Detetive Tyler. Não é um típico jogo de ação, porque você não sai dando tiros, socos e catando armas. Em contrapartida, você toma decisões que afetam o rumo que a história segue.
Cada personagem tem o seu nível de “stress” e essas decisões podem afetar o status das personagens, até que elas podem chegar no fundo do poço e a história termina. A primeira metade do jogo é excelente, já que você começa a investigar a coisa toda através da ótica de Lucas e também dos policiais.
Aos poucos, a trama vai se revelando com um quê sobrenatural e Lucas descobre que fora possuído. E aí que a coisa fica esquisita. Do nada, de repente, o protagonista se transforma no Neo e sai dando golpes de kung fu, desviando de balas e fazendo movimentos que fariam inveja a qualquer Matrix que se preze.
Tudo bem que lá pelo final da história, existe uma explicação razoável do porquê disso, mas acho que a história ganharia mais se tivessem insistido no personagem comum. Pô, no começo era só um analista de computadores que estava no lugar errado e na hora errada. De repente, é a única esperança da humanidade contra um clã que quer abrir portais de outra dimensão. A história dá uma virada meio brusca, mas tudo bem.
Tem momentos ótimos no jogo, como quando Lucas chega no seu apartamento e os móveis começam a atacá-lo, ou quando ele precisa se esconder no apartamento da ex e é reciso fazer algum esforço para não ser encontrado enquanto Tyler o procura. Outro momento muito bom é quando Carla está no hospício e falta luz, as celas se abrem e ela fica sozinha no meio de um bando de lunáticos. Como a personagem tem medo do escuro e claustrofobia, você tem que fazer de tudo para evitar que ela sucumba ao seu medo.
E também há momentos de diversão, como quando Tyler e Carla fazem uma luta de boxe, ou quando Tyler joga basquete apostando uma grana. Também há flashbacks do passado de Lucas e de seu irmão, onde você os controla quando eram crianças em uma base militar.
Falando tudo isso, parece meio complicado de jogar, com tantos movimentos diferentes, não?
E é. Mas nem tanto. Demora um pouco para pegar o jeito, mas na verdade, os movimentos são todos iguais. Quando um esforço é necessário, por exemplo, tudo o que você precisa fazer é alternar os direcionais rapidamente. Quando é preciso algum tipo de controle, como equilíbrio ou a respiração, novamente é com os direcionais, mas de uma forma mais dosada. E movimentos de ação, no geral, consistem em você repetir os movimentos que aparecem na tela. Se você for bem sucedido, o personagem executa o movimento (que pode ser desde uma simples leitura de pensamento até um golpe foderoso), se não, você pode perder alguma oportunidade interessante ou mesmo ser atingido por um golpe fatal.
Outras vantagens é que os requisitos mínimos necessários não são tão pesados, e a trilha sonora é bem empolgante. No geral, o jogo é muito bem feito e a história é envolvente. É quase como um filme no qual você controla o destino das personagens.