Vou começar pedindo desculpas. Os leitores acostumados a verem meus relatos de eventos aqui sabem que procuro passar uma imagem bem-humorada do que rolou, mas desta vez vai ser uma exceção. Não que não tenham acontecido coisas boas. Mas no geral, foi tudo meio frustrante para mim.


Bem, desde o começo do ano, a expectativa era grande. Dois anos de Quarto Mundo. Queríamos ter feito algo realmente FODA. E a princípio, um estande como o que tivemos no evento passado seria nos cedido em contrapartida a oficinas, palestras e outras atividades que ofereceríamos à organização.
Um espaço como o que tivemos em 2007 seria o ideal, não apenas para comportarmos tantas revistas quanto o necessário, mas também para oferecermos palestras e outras atividades no nosso estande mesmo.
Bem, primeira coisa que dá errado: semanas antes, a organização informa que não seria possível ceder um estande, mesmo com uma ampla proposta de contrapartida que havíamos dado. Ok, tivemos que nos virar para comprar um estande meio que em cima da hora, e que não era nem metade do anterior e mais caro do que da vez passada. Isso decepcionou MUITA gente no Quarto Mundo, e alguns até estavam pensando em desistir de ir. Eu, incluso. Para ser sincero, só insisti em ir porque a nova Quadrinhópole já estava em produção e seria uma puta sacanagem com a equipe se não cumprímissos o combinado, que era o de lançar algo no FIQ.
Logo depois, o Will, que é um dos principais camaradas do QM, informa que não poderia ir. Mais desânimo. E o Plínio, amigão aqui de Curitiba, também ficaria preso aqui por conta do trampo. Havíamos sobrado eu e o André Caliman e pensávamos em ir de carro para poder levar mais coisas, etc.
Poucos dias antes, o Caliman bate o carro (detalhes no blog dele) e é mais um que fica de fora. Fico triste porque três grandes amigos não poderão estar presentes, e tenho que correr para comprar alguma passagem aérea a um preço viável. O feriado do dia 12 não ajuda muito nisso. Até que eu consigo a ida e a volta num preço razoável, mas teria que voltar na segunda, às 6 horas da manhã.
Ok, até aí, aconteceram alguns imprevistos, mas tudo dentro do aceitável, certo? Uma semana depois do Caliman bater o carro, acontece a mesma coisa com o Daniel Esteves, de São Paulo. Justo quem estava responsável por levar a maioria das revistas do pessoal. Felizmente, claro, em nenhum dos dois acidentes houveram feridos, embora a moral de todo mundo tenha ficado lá embaixo.
O Hugo Nanni, de sampa, ofereceu o jipe dele para remediar a situação. Iriam embarcar na aventura: o já mencionado Esteves, Marcos Venceslau e Felipe Meyer, além, obviamente, do próprio Hugo. O jipe não passa de 90 km/h e o vidro é preso por uma chave de fenda eum alicate, só pra vocês terem uma idéia do que os caras tiveram que encarar!
Some-se a isso alguns desentendimentos que rolavam na lista do QM (não vale a pena entrar em detalhes) e você tem um clima muito tenso. Parecia que algo de muito ruim estava para acontecer. Bem, já adianto que não ocorreu nenhuma tragédia, mas tivemos uns momentos bem deprê.

* Terça-Feira

Meu vôo partia as 15 horas. O céu estava bem limpo e admito que foi uma das melhores viagens que fiz de avião. Quase deu pra ver minha casa lá de cima e o avião fez o caminho do litoral paulista (tinha conexão em São Paulo), uma paisagem bem bonita.
Bem, conexão sempre é um saco, então não vou me extender muito nisso. A viagem foi tranquila, mas cansativa. E ainda tinha uma hora de Confins até BH. Cheguei no hotel onde a Ana estava e fomos encontrar Daniel Esteves, Felipe Mayer e Mário Cau, que haviam chegado de tarde. Tomamos umas cervejas e comemos umas porções enquanto me inteiravam das novidades:
Nosso estande era um dos piores, ficava bem escondido, batia sol de tarde e ainda por cima, havia caído uma chuva no final do dia que acabou molhando algumas coisas por lá, até que a organização do evento tomasse alguma providência.
Pedi para pararem de me contar as coisas ruins e voltei pro hotel para descansar. Certamente o dia seguinte seria cheio.

* Quarta-Feira:

Vou te dizer, o espaço no Palácio das Artes era legal, mas não comporta um evento como o FIQ. O lugar era muito menor, as exposições ficaram espaçadas demais, e a estrutura não havia sido feita para aguentar uma chuva mais forte, como descobriríamos mais à frente.
Bem, neste primeiro dia, eu estava bem preocupado porque já haviam tentando me entregar as novas Quadrinhópole no hotel, e não haviam conseguido. Fiquei esperando que chegassem e o hotel me avissasse o dia todo, mas nada. Até que finalmente liguei na transportadora e falaram que minha caixa havia sido entregue para um pessoal da Bahia.
Naturalmente fiquei muito puto, mas quando contei isso pra Ana, ela se ligou que na frente do nosso estande, tinha um pessoal da Bahia ali. Não deu outra: a caixa estava com eles. Bem, já estava na hora de alguma coisa dar certo, né?
Almocei com o Esteves e o Felipe Meyer. Na volta, o Laudo estava chegando e fomos tomar umas cervas e botar o papo em dia. Pena que ele tinha que voltar ainda na quarta. Logo voltei, era meu turno no estande. Assim que este terminou, percebi que estava mais cansado do que imaginava, queria voltar logo pro hotel. Sábia decisão da minha parte.
À noite caiu uma chuva violenta em BH. Foi a maior correria em todos os estandes, para tentar salvar os materiais de todos. Me senti um pouco culpado de não estar lá pra ajudar, mas possivelmente eu teria um colpaso nervoso, então foi até melhor.

* Quinta-Feira:

O pessoal ficou até de madrugada tentando arrumar as coisas. Por conta da chuva na noite anterior, o evento não abriria neste dia. Os estandes seriam mudados de lugar e levaria horas para organizar tudo.
Mas há males que vem para o bem. Por conta dessa mudança, nosso estande foi movido para a entrada do evento, ou seja… de um dos piores lugares, acabamos ficando com um dos melhores. Cheguei lá enquanto estavam preparando o estande para a mudança. Não havia muito o que fazer além de esperar, então resolvi dar uma volta para conhecer o parque e as exposições, mesmo debaixo de chuva.
Quando voltei, já estavam fazendo as mudanças e comecei a trabalhar. O pessoal foi almoçar, mas estava sem fome e acabei ficando lá para adiantar algumas arrumações. Teríamos que fazer um inventário completo e isso levaria tempo, então, o melhor era começar o quanto antes. Trampo chato, mas é mais a minha praia, pra falar a verdade.
O evento reabriu às 18 horas e, surpreendentemente, deu movimento. Ficamos até o final e depois fomos aliviar o stress no Maleta, lucar peferido do Jaum, um dos membros mineiros do QM, ao lado do Fabiano e do Piero, da Graffiti, do Amauri de Paula e do Matheus Moura. Nesse dia, já estavam presentes: Guilherme (GO), Edu Mendes (SP), Bruno Azevedo(MA), Caio Majado (SP), Pablo Casado (AL) e provavelmente muitos outros que não estou lembrando agora.
A maioria foi lá beber e comer, e saindo de lá iríamos para as festas do Bruno (Breganejo Blues) e dos Quadrinhos Dependentes, na Obra. Mas saí do Maleta, voltei pro hotel e fui descansar um pouco, quando vi já era tarde pra sair, acabei ficando por lá.

* Sexta-Feira:

Nesse dia, cheguei no estande perto da hora do almoço. Encontrei o Bira Dantas, o Rafael da MAD e dois amigos do Bira muito legais, o Edra e o Granato (que tinha um apelido, mas esqueci). Este último puxou uma cachaça da boa, fez a reza e mandamos ver. Acabamos indo almoçar no mercado municipal, tomando cerveja e comendo torresmo. Jamais achei que diria isso, mas comi fígado com cebola e jiló… e estava bom pra cacete! Já havíamos estado lá no mercado em 2007, mas não conhecia ainda o barzinho desse cara. Muito legal, imediatamente me lembrei do tipo de lugar que o Plínio adoraria conhecer.
Bem, voltei pro estande e continuei bebendo. Nesse dia, meio que passei da conta, e aproveito para pedir desculpas se ofendi alguém (o que com certeza deve ter acontecido). Mas eu precisava desse porre pra aliviar o stress. Só lamento que gostaria de ter ido na festa da Grafiti… mas sem condições.

* Sábado:

No fim de semana eu já estava com uma puta dor nas pernas… todos os dias andando pra lá e pra cá, e ficando de pé no estande para atender as pessoas… eu não podia ver uma cadeira que já estava sentando. Cansadaço. Mas era o dia de maior movimento, e tinha os nossos lançamentos, então, não dava tempo de ficar reclamando.
Felizmente, o Will acabou conseguindo ir no evento, o que animou bastante a galera. Esse dia foi bem legal, em vários sentidos, só me estressei mais por conta das mochilas do pessoal. Já havíamos combinado de ninguém deixar as mochilas no estande, vira a maior zona. Mas não adiantava falar, então, quando tive oportunidade, catei uma mesa que ninguém estava usando, joguei lá dentro, coloquei as mochilas embaixo e joguei um pano em cima pra esconder. Deu uma disfarçada, pelo menos.
Deram as caras várias pessoas aqui de Curitiba e redondezas, como o José Aguiar, com sua nova revista feita com o André Diniz, Pablo e Diogo, do A Casa ao Lado, Liber e a Mitie da Itiban.
Nesse dia almocei com o Edu Mendes, lá pelas 17 horas. Comemos um PF “nervoso” num shopping ali perto e voltamos para aproveitar o fim do dia. Saindo de lá, entramos na Van que iria levar a galera para a festa do Bira… um Baile Soul muito louco lá na pqp. Estava muito divertido. Uma hora o Esteves se jogou em cima de mim e, como não estava esperando, bati num expositor e quase acabamos com a exposição do Bira… hauahuahuahauauh.
De lá, fomos encontrar o Jozz, que havia chegado nesse dia, e mais uma galera de participantes do FIQ que estavam num bazinho do outro lado da cidade. Até o Zacarias dos Trapalhões estava junto na Van. Óbvio que a viagem foi a maior zona, no maior estilo “montanha russa”, já que o baile era num lugar que ficava no alto de um morro.
E já que o clima era de festa para aliviar o stress, surgiram piadinhas infames como “lá no alto dará para ver um belo horizonte”, “quarta-feira à noite foi a gota d’água”, “agora são águas passadas” e etc.
Quando chegamos, o pessoal já estava saindo e acabamos todos indo parar numa balada rock. Lugar meio estranho, mas era dia de curtir com a galera, então, “já que tá, que vá”. Para variar, Daniel Esteves chegou quebrando tudo e eu fui acompanhando a onda. Foi divertido constranger algumas pessoas, heh, heh, heh. Na hora do “Born to be Wild”, agarramos o baixinho e jogamos ele pra cima, com o Felipe Meyer segurando a cabeça dele pra que não batesse no teto e acabasse quebrando… o teto. Me lembro vagamente de alguém jogando cerveja em cima dele e lambendo, mas não sei quem foi. E, claro, para variar, ele subiu em cima do palco e foi puxado pelo segurança.
Como eu disse, sábado certamente foi o melhor dia do FIQ, em vários aspectos. Único detalhe é que de madrugada meu deu uma cãibra nervosa por conta de toda a bagunça acumulada…

* Domingo:

O evento iria até Segunda, mas esse era o último dia para mim. Achei que não daria movimento algum, mas tinha uma feira bem na frente do Palácio, uma das feiras mais famosas de BH, e acho que isso acabou atraindo gente. Estava um público bem bacana.
Enquanto a galera foi almoçar, fiquei ali no estande com o Guilherme e o Vitor. A arrumação das mochilas que eu havia feito no dia anterior não adiantou de nada, já estava tudo zoneado de novo. Bom, já estava cansado de falar, não ia mais me estressar e nem arrumar de novo, pois já estavam me chamando de Léo Simões (piada interna).
Sentei lá, de boa, olhando o público e daqui a pouco passa um cara arrastando uma mochila. Olha pra dentro, cumprimenta, eu devolvo o cumprimento. Achei que era algum conhecido de alguém ou sei lá, mas sei que o cara entrou no estande e pediu pra deixar a mochila lá.
Porra, não sabia o que falar pro cara. Pensei em perguntar quem era ele, mas achei que ia parecer ofensivo se fosse algum conhecido dali. Pensei em ser grosso e dizer que ali não era guarda-volumes, mas as mochilas do meu lado não me deixavam dizer isso. Sei que a única coisa que saiu da minha boca foi “como assim?”.
E o cara “É que eu acabei de chegar e queria dar uma volta aí, dá pra eu deixar a mochila aí?”. Travei. Não sabia o que dizer pro cara. Sei que nessa, ele fechou a cara e ficou puto. Saiu ali do estande MUITO puto, me olhando dum jeito que eu achei que fosse me bater. Pensei “mas que porra acabou de acontecer?”. Enfim, eu não estava de todo errado de me estressar com as mochilas, estava?
Bem, último dia é dia de conversar mais um pouco com o pessoal, clima de despedida, um pouco deprê, mas o movimento ajudou a levantar um pouco o ânimo de todos. Comi só um sanduíche na cafeteria do palácio, o que me rendeu uma cliente que acabou comprando várias coisas (valeu, Joyce!), e no fim do dia, fomos todos (ou ao menos, os remanescentes) para um restaurante de massas que já havíamos conhecido no evento passado. Nesse dia acabou aparecendo o Emerson Magalhães, membro que havia sumido mas que está querendo voltar à ativa. Prazerzaço conhecer o cara pessoalmente.
Nos acabamos de comer. Me despedi da galera e voltei ao hotel para descansar pouca coisa, já que eu tinha que sair de lá por volta das 4:20. Peguei o ônibus para ir ao aeroporto e estava uma fila enorme no check-in. Era de se esperar, por conta do feriado.
O vôo saiu no horário, 06:50, mas o tempo aqui estava ruim e ele não conseguia pousar. Acabou atrasando uma hora por conta disso. Mas foi até emocionante quando finalmente o avião tocou o solo, às 09:20, e os passageiros todos aplaudiram.
Sei que cheguei em casa, arrumei algumas coisas, almocei e capotei. Agora estou escrevendo este texto, mas ainda me sinto um pouco cansado. De tudo, aliás.

Mas chega de reclamar. Teve coisas ruins, mas poderia ter sido pior. Claro que houveram frustrações, e que devem ser remediadas para o próximo evento, de alguma maneira. Mas nada mais grave aconteceu, e tiveram muitos pontos bons.
É sempre bom rever amigos como Daniel Esteves, Marcos Venceslau, Will e Jozz, pioneiros no QM. E outros arrombados como Caio Majado, Rodrigo da Banca de Quadrinhos, Rafael da MAD, o sempre amigável Bira.
Muito bom rever os membros mineiros… Jaum, Fabiano, Piero, Matheus, e também poder conversar com o Ângelo Ron pessoalmente, desenhista de um dos meus álbuns (que está quase no fim, novidades em breve).
Foi um grande prazer conhecer o Amauri de Paula, cara gente finíssima. Troquei várias idéias com ele e resolvemos algumas pendências sobre o site do QM (novidades em breve sobre isso também).
E legal também conhecer outros membros que ainda não conhecia, como o Bruno, o Mário Cau e outros, e rever membros distantes como o Guilherme, outro cara super gente boa.
No fim, pra mim o importante foi isso… rever os amigos, fazer novos, e ter idéias para melhorar a próxima vez. Todas as dificuldades só reforçaram a idéia de que precisamos de um estande maior, precisamos de um guarda-volumes, podemos separar os títulos por gênero, já temos títulos suficientes para isso (com toda certeza nosso estande era um dos que tinha mais títulos) e oferecer várias outras coisas. Não vou me conformar se o QM não tiver uma participação realmente efetiva no próximo FIQ.
Novamente, peço desculpas. Queria ter feito um relato mais divertido (e talvez até mais curto), mas o que posso dizer de melhor é que não foi tão ruim quanto eu esperava que fosse. Relendo tudo agora do começo ao fim, percebo que as coisas deram uma virada do meio da semana pro final, e se o saldo não foi positivo, pelo menos, tivemos um empate.
Não tirei fotos de lá, mas assim que surrupiar algumas de outros membros do grupo, eu posto aqui. Agradeço a todos os amigos que estiveram presentes em corpo ou espírito… e tudo isso só nos deu mais convicção de continuar o trabalho do Quarto Mundo, agora talvez mais cansados, mas com mais gana de vencer.

2 comentários em “6° FIQ – Palácio das Artes / BH – 6 a 12 de Outubro de 2009

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