Bem, considerando que criei esse blog apenas para falar das aventuras da Quadrinhópole pelos eventos afora, aqui não seria o espaço ideal para falar de filmes… mas como eu ando ocupado demais para participar de eventos ultimamente, e preciso desesperadamente falar sobre O NEVOEIRO, resolvi postar aqui mesmo, nem que seja para não deixar o blog parado.
Essa foi a primeira vez que fui assistir a um filme tendo lido o livro que deu origem a ele antes. O mais legal é que não foi planejado. Li o livro por acaso há algumas semanas e, também por acaso, numa sexta-feira sem nada pra fazer, comecei a fuçar na internet a programação cultural para ver o que estava rolando na cidade, e acabo descobrindo que o filme estava estreando no mesmo dia. Sem pestanejar, corri para sala de cinema.
O diretor é o mesmo que adaptou Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, Frank Darabont. Só por aí já se espera coisa boa. E essa expectativa é confirmada nos 127 minutos do filme, que é fidelíssimo ao livro.
Pra quem não conhece a história, trata-se de outro conto de Stephen King, publicado no livro Tripulação de Esqueletos. Nele, uma cidadezinha no interior do Maine é acometida por uma forte tempestade. No dia seguinte, tudo está destruído e um artista chamado David Drayton (interpretado por Thomas Jane, num trabalho muito melhor do que no Justiceiro, diga-se de passagem) vai com seu filho de 5 anos ao supermercado. E lá acaba ficando preso com várias outras pessoas, que acabam sendo cercadas por um denso nevoeiro, onde reside algo de sobrenatural ou de outra dimensão.
Claro, como era de se esperar, o filme corre na narrativa, indo direto ao que interessa. No livro temos um capítulo inteiro descrevendo a tempestade e o que a sucede, enquanto que no filme, em pouco mais de 5 minutos, já estamos dentro do supermercado. O legal de ver o filme tendo o livro como referência é ir comparando as cenas, uma a uma, tipo “isso é exatamente como eu tinha imaginado” ou “ah, esse diálogo tem no livro” e “o diretor mudou isso, mas ficou bom”.
Bem, as pessoas não tardam a descobrir que estão cercadas por seres bizarros que não deveriam existir. Algumas descobrem isso da pior forma.
E há a Srta. Carmody, fanática religiosa que a princípio era vista como louca, mas pouco a pouco vai formando uma congregação, à medida que o desespero toma conta das pessoas. Neste ponto, o filme ganha em desenvolver melhor a evolução da velha bruxa, que culmina num sacrifício humano que não ocorre no livro. Isso acabou dando à película uma dramaticidade ainda maior na hora em que os protagonistas têm de confrontar a Srta. Carmody de uma vez por todas se quiserem sair vivos da situação.
Outra coisa que diferencia a adaptação, também era de se esperar em se tratando de Hollywood, que o filme dá uma explicação para o nevoeiro, enquanto que o livro deixa as coisas meio “no ar”, o que a, meu ver, é melhor por deixar o leitor/expectador pensar e tentar encontrar uma explicação por si próprio para o que está acontecendo, ou seja, fazendo-o interagir melhor com a história. Mas também, não é nada que comprometa.
Tirando essas pequenas alterações, o filme é praticamente idêntico ao livro, exceto pelo seu final que, a meu ver, ficou ainda melhor… e até ousado, em se tratando de Hollywood. Quem for ver o filme e quiser manter a surpresa, melhor pular logo para o último parágrafo. Mas se você não liga pra isso, vamos em frente comparar os dois finais…
No livro, David e mais alguns conseguem sair do supermercado e andam com o carro até acabar a gasolina. Mas eles não saem do nevoeiro. Vão parar numa pousada ou algo do tipo, onde ele fica um tempo mexendo num rádio para tentar alguma comunicação. Tudo o que ele ouve é estática, exceto por uma palavra, que poderia ou não ser um devaneio de sua mente: Esperança.
Já no filme, eles também andam até acabar a gasolina. Entretando, desolados, desesperançados e sem ter para onde ir, optam pelo suicídio coletivo, a ter que enfrentar os demônios que se escondem no nevoeiro. Acontece que a única arma que tem no carro só tem 4 balas, e eles são em 5. David, então, mata o próprio filho, uma moça que os acompanhou e um casal de velhos. Melhor cena do filme, ao acompanharmos o ápice do desespero que toma conta de David, o qual Jane soube expressar com competência. A seguir, ele sai do carro, esperando ser tragado de uma vez por todas pelo nevoeiro. Só que nisso chega o exército, matando os bichos e resgatando as pessoas. O nevoeiro se dissipa e David cai de joelhos, atormentado pelo pecado que acabou de cometer. Muuuuuuito fooooooodaaaaaa.
Única falha nesse final é vermos uma mulher, que no começo do filme saíra do supermercado para ir pra casa, aparecer entre os resgatados. A idéia foi boa, para causar ainda mais impacto no desespero de David, mas todo mundo que saiu do supermercado não conseguiu andar mais do que uma quadra sem topar com algum bicho, como diabos a mulher conseguiu chegar até em casa e ficar viva até então? Meio forçado, mas isso passa diante de uma adaptação bem fiel e um suspense que te prende na cadeira do começo ao fim.
Para quem leu o livro, recomendo. É emocionante ver os personagens e cenários ganharem vida na telona. E pra quem não leu, vale a pena. Ótimo suspense que vai aumentando a tensão a cada instante.

5 comentários em “O Nevoeiro

  1. Eu acho interessante esse clima que o stephen king sempre deixa no ar , entretanto isso ao mesmo tempo irrita bastante por terem infinitas hipóteses. xDSeria legal se fizessem um filme contando todo o outro lado da história , os cientistas abrindo o portal dai mostrando como o exército matou os bixos, e melhor como diabos aquela mulher conseguiu sair viva do supermercado!! xDD

  2. A mulher saiu sozinha, não fez barulho e morava perto já que deixou duas crianças em casa e falou que ficaria fora só alguns minutos.No meio do filme David também saiu do supermercado foi ate a farmacia e voltou.

  3. Realmente o filme é bom, e mal posso esperar para ler a história com as palavras de King. Gostei bastante do review e espero que seu blog tenha bastante sucesso. 🙂

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