Relato do lançamento da primeira edição em São Paulo.

1º Dia – quinta-feira.
Havíamos partido de Curitiba às 23:15h, somente eu e meu sócio, André Caliman. Como se sabe, em ônibus convencional, não se dorme, se cochila. Por isso, chegamos moídos em São Paulo e ainda corremos atrás de táxi para nos levar a nosso destino, a casa da tia do André, Eva (que por sinal, é gente finíssima). O motorista do táxi contou que havia ido para São Paulo há 30 anos para passear. Estava passeando até hoje.
Acordamos a Eva antes das 5 da manhã. Obviamente que a coitada não sabia no que estava se metendo quando concordou em hospedar dois nerds malditos. Chegamos, tomamos café e já saímos para o Colégio Marista, onde se daria a Fest Comix. Descobrimos que uma camiseta com o nome da nossa revista abre portas. Literalmente. Assistimos à preparação inicial dos caras da Comix e acertamos alguns outros detalhes, depois fomos para a entrada começar a vender. Quinta, para a nossa sorte (nunca pensei que fosse dizer isso um dia) foi o dia que teve a maior fila. Às 9 da manhã já haviam nerds desgraçados esperando para entrar. Vendemos alguns e, enquanto eu descobria que o pessoal não saía pelo mesmo lugar por onde entravam, o André voltou pra casa para pegar uma mesinha providencial. Ficamos na saída o resto do dia, ora debaixo de chuva, ora debaixo de Sol. Encontramos o Cadu Simões, do Garagem Hermética, e fizemos uma parceria com o cara. Gente fina, também.
Na hora do almoço, um tio do André apareceu por lá com um lanche, o qual apreciamos desesperadamente. Não muito tempo depois veio o pessoal da Quadrim: Márcio Sampayo, Raul Kuk, Ana Carolina, Luís Garavello, André Faccas, Ricardo Sorvillo e esposa, Leandro Laurentino. Tive de forçá-los a comprar a revista, sob ameaça de verem mais fics minhas publicadas lá no site deles.
Mais para o final da tarde, caiu uma chuva torrencial e nos abrigamos debaixo do toldo de uma banca na esquina. Continuamos vendendo! Depois disso, foi a nossa vez de entrar na Fest e torrar nosso dinheiro nerd. Encontramos o Marko Ajdaric do Neorama, mas quando fomos conversar com ele, o bicho tinha se teleportado.

-Ô, cara, chega aí pra dar uma olhada nas nossas revistas!
-Tem Lobo aí?
-Não, tem coisa melhor!!!
-Impossível!!! – Respondeu o indivíduo, já correndo para fugir da chuva.













2º Dia – sexta-feira

Uma boa noite de sono faz milagres. Revigorados, saímos dispostos a superar as vendas do dia anterior. Na metade do caminho, lembramos da mesinha para colocar as revistas. O André voltou para pegar e eu segui em frente para não perdermos tempo. Não adiantou muito, já que a fila estava consideravelmente menor. Sexta foi o dia de menor movimento, já que era dia útil. Ainda assim, vendemos proporcionalmente mais na fila do que no dia anterior. De tarde, meu grande amigo Juliano, também da Quadrim, apareceu com a esposa, mas infelizmente estavam com pressa e não pudemos conversar muito.

Não muito depois, saímos para almoçar e aproveitamos que as vendas estavam baixas para resolver outras coisas. Passamos na Comix para deixar algumas revistas lá, depois fomos para outro compromisso. Em seguida fomos ao Ibirapuera, onde estava tendo a bienal de arte, por sinal, bem interessante. Voltamos a pé até a Av. Paulista (a essa altura, já não sentíamos mais as próprias pernas) e paramos num bar para revigorarmos nossas forças. Chegamos em casa e capotamos.

Passagem do dia:

-Podem ir lá que está cheio de mulherada gostosa. E é bom que elas comem a nossa pizza! – (Dita por um pizzaiolo).










3º Dia – Sábado
Finalmente, o tempo abriu, prenunciando o dia de melhores vendas. Na fila e até metade da manhã, não rendeu muito, mas depois, foi melhorando gradualmente. Reencontramos o Cadu e retomamos a parceria com o Garagem. Nossa primeira venda, estávamos os três descansando, sentados no meio fio, de costas para a mesinha com as revistas, quando um casal passou para comprá-las! Otimistas, nos levantamos e nos pusemos a trabalhar. Até na janela do ônibus ofereci a revista!
Também fizemos parceria com os três fanzineiros do “Fio Fó” – Caio, André e Rodrigo – e ficamos todos lá, vendendo do jeito que dava. Alguns dos fanzineiros começaram a apelar e a fazer streap tease no meio da calçada. Nós já começamos a dizer que nossa revista tinha um conto pornográfico inédito escrito pelo Stan Lee, ou que era mangá. Também nos ocorreu dizer que era um projeto novo da Marvel com material inédito do Jack Kirby, mas acho que aí já era apelação demais.
Às 16 horas, tivemos de entrar porque tínhamos uma entrevista marcada com o Pedro Bahia, entre a mesa redonda com os artistas nacionais e a palestra do Moon e do Bá. O André apavorou lá na mesa redonda dos caras falando do quadrinho nacional e acabamos vendendo revistas lá dentro do auditório! A entrevista acabou não acontecendo devido à falta de tempo, mas o Pedro, que é outro cara super gente boa, acabou anunciando nossa revista lá no microfone e no telão.
Encontramos o Pablo Casado, um dos colaboradores da revista, lá do Alagoas, e o Zé Oliboni, do Pop Balões, mas infelizmente os dois tiveram de ir embora. Também batemos um papo rápido com o Ivan Reis, que é outro cara gente finíssima (Não, não tem cara só gente boa nesse ramo, tem muito filho da puta, mas demos sorte dessa vez). Logo em seguida, retornamos para a saída para retomar as vendas. Qual não foi nossa surpresa quando vimos gente procurando por nós!!! Animados, vendemos mais um tanto e o Cadu quase esgotou o Garagem Hermética.
Ficamos até o último curió sair de lá. O mais legal foi fazer contatos com o pessoal do ramo. Depois disso, veio a parte mais interessante: fomos pro bar encher a cara junto com o pessoal de quadrinhos! Quer coisa melhor que isso? Estavam presentes: eu, o André, o Cadu, o Luís e a Ana (da Quadrim), o Bira Dantas (provavelmente o cara mais gente boa de toda a Fest Comix), o Daniel Esteves e um casal de amigos do Daniel, além dos três malucos do Fio Fó.
Bebemos ao som das gaitas do Bira e do Caio e das fofocas dos quadrinistas. Eu e a Ana apavoramos os caras do Fio Fó no truco (apesar de eu não me conformar com esse jeito paulista de jogar, colocando umas frescuras no jogo) e ainda vendi uma revista no bar!

Passagem do dia:

-Eu queria perguntar pro fã aí que disse que sente orgulho de ver nossos artistas lá fora, se ele sentiria o mesmo orgulho se visse o trabalho deles sendo publicado aqui dentro! – André Caliman.

4º Dia – Domingo

“E no quarto dia, eles descansaram”.

Sim. Depois de três dias de trabalho intenso e uma ressaca do inferno (esta última diz mais respeito ao André do que a mim, diga-se de passagem), tiramos o dia para descansar. De manhã demos um mergulho na piscina que refrescou até a alma. Não ficamos muito, pois logo tínhamos que almoçar. Reencontramos o Luís e a Ana e almoçamos com as duas tias do André, depois seguimos para a rodoviária. Nos demos ao “luxo” de voltarmos de Executivo, com o gosto de missão cumprida na garganta. E o ônibus era bom mesmo: quando tínhamos frio, caía casaco do bagageiro, quando tínhamos fome, caída comida! Mó legal!

Vendemos de tudo que é jeito:

-Debaixo de Sol escaldante;

-Debaixo de Chuva torrencial;

-De costas para as revistas;

-No bar;

-No auditório, quando da proclamação apaixonada do André;

-Na rodoviária, quando da volta;

Outras Passagens:

-Compra aí nossa revista, é melhor que esse Marvel Millenium aí que você está levando!

– Então… a gente é lá de Curitiba. Sei que você quase não percebeu pelo sotaque…

-Quadrinho independente, cara. Dá uma olhada. Ô, meu, pára aí, dá uma olhada! Dá uma olhada, cara, é oitenta centavos! Quarenta! É de graça! EU PAGO PRA VOCÊ LEVAR!!!

(Duas gostosas se aproximando)

-Ô, Leonardo, oferece a revista aí pra essas duas!

– … – (Vendo as duas passarem).

-?!

-Oi. – (Depois que elas passaram).

(Diálogo com os gêmeos)

-E aí, querem comprar nossa revista, incentivar o quadrinho nacional?

-Ah, vocês que são os caras da Quadrinhópole? Legal. Vocês já compraram o nosso?

-…

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