Então, pequeno gafanhoto, quer dizer que você terminou de assistir Battlestar Galactica e não entendeu nada? Ou então, ficou putinho porque ainda tem pontas soltas no final da série? Calma, não precisa esbravejar. Vamos recapitular tudo do começo, sim? É claro que, como o título do post já diz, este texto é direcionado a quem já viu a série e gosta de discutir sobre.
Primeiramente, gostaria de dizer que Battlestar Galactica é uma das melhores séries de ficção científica que já existiu. Acho que a única que rivaliza é Fringe, mas desta, não podemos ainda tecer uma comparação justa, porque ainda não terminou.
E ela é boa por vários motivos, mas um dos quais é justamente por deixar margem para interpretações dos fãs. E ISSO é muito legal. Agora, se você não gosta de pensar muito porque dói sua cabecinha, vai assistir Avatar, ou Titanic, ou quem sabe Crepúsculo e Harry Potter?
Agora que já espantamos os preguiçosos mentais, podemos prosseguir com nossa recapitulação da série. Mas tentemos enxergar as coisas acontecendo com o que já sabemos que nos é revelado até o final. Sabemos que existia um planeta chamado Kobol, numa galáxia bem distante da nossa, onde se originaram os (primeiros?) seres humanos. Também sabemos que estes seres humanos criaram cylons neste planeta, alguns deles, inclusive, com aparência humana.
Por algum motivo – provavelmente uma guerra entre humanos e cylons – eles tiveram que deixar o planeta, sendo que 12 tribos deram origem às 12 colônias onde se estabeleceram a raça humana. A 13ª tribo, a tribo cylon, tomou outro rumo e foi parar em outro planeta, que eles chamaram de Terra (mas não a nossa Terra).
Não fica claro, mas subentende-se que alguns humanos seguiram os cylons neste planeta e lá provocaram um holocausto nuclear. Apenas 5 sobreviveram: Ellen Tigh, Saul Tigh, Galen Tyrol, Samuel Anders e Tory Foster. Estes cinco cylons eram cientistas que criaram o projeto de ressurreição para que sua raça não perecesse, uma vez que para eles era impossível a reprodução. Foi assim que eles sobreviveram.
Enquanto isso, porém, a vida se desenvolveu nas outras colônias e o ciclo se repetiu depois de alguns milhares de anos. Sem memórias sobre seu antepassados de Kobol, a raça humana nas 12 colônias criou seus próprios modelos cylons. Não demorou para que os cylons se rebelassem contra seus senhores e a guerra eclodiu.
Tal guerra terminou repentinamente depois de anos. O que os humanos não sabiam na época é que ela terminou porque os 5 cylons remanescentes do Planeta Terra voltaram à colônia e ordenaram que eles parassem de atacar os humanos. Em troca, eles lhes dariam a ressurreição. Foi uma tentativa de quebrar o ciclo de morte e destruição que havia começado em Kobol (e talvez muito antes disso…?).
Assim, os 5 criaram outros 8 modelos cylons, originais assim os 13 modelos. São eles:
– Número Um: Irmão Cavil (depois é revelado que seu nome verdadeiro é John). Este modelo em particular odeia o fato de ter sido feito à imagem de um ser humano e tem orgulho de ser uma máquina. Este fato criou discórdia entre ele e seus criadores, o que o levou a capturá-los, apagar-lhes a memória e enviá-los às colônias, na esperança que eles “aprendessem a lição”. Não fica claro, porém, como Número Um conseguiu esconder a identidade destes 5 dos outros modelos cylons. Foi ele, também, que planejou o novo ataque às 12 colônias, onde se inicia a série.
– Número Dois: Leoben Conoy. Este modelo fora programado por “Deus” para guiar Kara Trace (Starbuck) em seu destino. Por vezes, sua insistência nesta programação o levou a encontros não muito amigáveis com Kara.
– Número Três: D’Anna Biers. A princípio uma mera repórter infiltrada na Galactica, ela logo se tornou obcecada em descobrir a identidade dos 5 finais, fato que a levou a ser “encaixotada” pelo Número Um, para que ele protegesse seu plano.
– Número Quatro: Simon. Um médico que desenvolvia pesquisas com úteros humanos com o intuito de desenvolver a reprodução da raça cylon.
– Número Cinco: Aaron Doral. Outro repórter que infiltrou-se na Galactica, mas não por muito tempo. Também foi responsável por uma explosão a bordo da nave, mas não teve lá grande relevância durante a série.
– Número Seis: (teve muitos nomes e formas no decorrer da série, mas o que mais “pegou” foi o apelido de “Caprica Six”). Mulher de muitas facetas, mas foi uma das escolhidas por “Deus” para cumprir seu plano.
– Número Sete: Daniel. É dito que o modelo acabou sendo descontinuado. Porém, fica subentendido que ele é, na verdade, o “Deus” que estava manipulando tudo desde o começo, com o intuito de finalmente conseguir quebrar o ciclo de morte e destruição ao qual estavam expostos os cylons e os humanos. Também fica subentendido que ele era, na verdade, o pai de Kara.
Nota: na numerologia, é dito que 7 é o “Número de Deus.”
– Número Oito: Sharon Valeri. O modelo mais enigmático da série no sentido psicológico, pois ora ela tem medo de ser cylon, depois fica com raiva quando descobre, depois aceita, depois volta para o lado dos humanos e por aí vai. Um destes modelos, contudo (Athena) acaba se tornando a mãe no primeiro cruzamento bem-sucedido entre uma cylon e um humano (Helo), à qual dão o nome de Hera.
O plano de Número Um era o de empreender um ataque pesado às colônias e dizimar a raça humana. Ele não contava, entretanto, que uma pequena frota de civis sobreviveria, liderada pela Battelstar Galactica. Cerca de 50 mil seres humanos sobrevivem para buscar um novo lar e então, Um e os outros tentam empreender uma “limpeza” afim de acabar com eles de uma vez.
As duas primeiras temporadas são, praticamente, tentativas fracassadas de Um empreender seu plano, até que Seis, Oito e Três têm uma “iluminação” e convencem os outros a pararem de perseguir os humanos. Eles deixam as colônias (o que não adianta de nada, já que estão inabitáveis devido à guerra atômica) e decidem procurar um novo lar. Até este ponto, conhece-se as identidades de todos os oito modelos criados pelos cinco originais (exceto Sete, Daniel).
Também é neste ponto que Gaius Baltar, o cientista que (mesmo sem saber) colaborara com Caprica Six no holocausto da raça humana, assume a presidência e decide estabelecer assento permanente num planeta recém descoberto, ao qual batizam de Nova Caprica. Mas não demora para que os cylons encontrem o planeta. Com a nova política em mente, contudo, ao invés de exterminar todo mundo facilmente, eles decidem “cooperar” e estabelecem uma ditadura.
Ironicamente, o Cel. Tigh, Sam Anders e o Chefe Tyrol, ainda sem saber que são cylons, organizam a resistência humana no planeta. É a terceira temporada em vigor. Logo, Adama retorna com a Galactica para resgatar os humanos do planeta e continuar a jornada ao planeta Terra.
Interessante notar, contudo, as pistas deixadas que os levam em direção à Terra – tanto os humanos quanto os cylons. Pistas que provêm dos manuscritos sagrados, que falam do líder morimbundo que levará os humanos ao planeta da 13ª colônia (a presidente) e que os levam a Kobol, a descobrir o Templo dos Cinco no Planeta das Algas e à Nebulosa no final da terceira temporada.
Se isso faz parte do plano de Daniel, fica a pergunta: como ele sabia dessas coisas? E como as escrituras descrevem tudo isso? É claro que os Cinco, quando deixaram Kobol, possivelmente tinham um diário de bordo no qual anotavam suas passagens, mas porque AQUELES cinco, especificamente, ergueram o templo? E como se poderia saber que a humanidade teria um líder morimbundo no futuro para fazê-los seguir estas pistas? Perguntas que ficam no ar.
Continuando nossa jornada, temos provavelmente o fato mais polêmico de toda a série: a morte de Kara Trace, que retorna alguns episódios depois, quando a frota e os cylons se reencontram na Nebulosa. Depois disso, é dito várias vezes que Kara é o precursor da morte, que levará a raça humana à extinção.
É também na nebulosa que é revelada a identidade de 4 dos 5 finais. Algum tempo depois, também é revelada a identidade de Ellen. Agora, um fato curioso, que prova a teoria de que Daniel é quem estava por trás de tudo: os 4 são ativados por uma música que estava programada em suas mentes. Música esta que – mais tarde é revelado – fora composta por Daniel.
Novamente: não fica claro COMO Daniel conseguiu “programar” seus criadores com essa música e muito menos Hera, a híbrida humana e cylon, que dá a partitura da música para Kara. E o mais foda ainda é: COMO diabos ele sabia que, convertendo as notas em números, daria as EXATAS coordenadas de um planeta habitável? Quando você para pra pensar, é até um pouco forçado. Mas tudo bem.
Os 5 cylons foram ativados na hora exata para descobrir a localização da Terra. Outra cortesia de Daniel. O que ele provavelmente fez foi levar Kara à Terra propositadamente e lhe dar um novo jato, que captaria o sinal do jato antigo vindo da Terra, quando fosse conveniente. É claro que a Kara que retornou à frota na nebulosa não era exatamente a mesma, mas um “Anjo”. Assim como Caprica Six vista por Baltar e o Baltar visto por Caprica Six eram “Anjos”.
Pensando desta forma, tudo nos leva a crer que Daniel desenvolveu algum tipo de tecnologia que o permite enviar “sinais” à mente de pessoas como ele bem entende. “Sinais” que podem ser imagens de pessoas (Baltar e Six), músicas (como a que ativou os 5 finais) ou outras coisas (como a imagem das partituras em Hera, ou a imagem da nebulosa na cabeça de Kara). Ele próprio usou esta tecnologia no episódio em que conversa com Kara no piano, para ajudá-la a lembrar da música.
Se isso é verdade, porém, como é possível que Kara seja produto desta tecnologia se, depois que ela “volta da morte” consegue interagir com todas as outras pessoas? Tocá-las, comer comida, beber bebidas, ficar bêbada, beijar, transar? Poder-se-ia dizer, talvez, que Kara fosse um caso à parte e que, ao invés de projetar a imagem de Kara num indivíduo específico (como é o caso Baltar/Six), ele a projetou em TODOS os indivíduos? Mas creio que isso seria forçar um pouco a barra e nem a própria Kara tinha consciência do que ela era.
Questionamentos à parte, chegamos num ponto em que explode a guerra civil entre os cylons. Dois, Três, Seis e Oito de um lado. Um, Quatro, Cinco e Boomer (a única Oito contrária) do outro. Em cooperação mútua, os cylons renegados e os humanos conseguem chegar ao Planeta Terra, encontrando-o destruído, e descobrem toda a verdade: a décima-terceira tribo era cylon.
Mais tarde, as memórias de Sam voltam e ele conta boa parte do resto. Um pouco depois, Hera é sequestrada, o que obriga Adama a uma desesperada tentativa de resgate, o que os leva ao confronto final com Número Um e os cylons remanescentes. Como eles tiveram sucesso em destruir a ressurreição cylon semanas antes, é seguro dizer que eles destruíram todos os cylons remanescentes, exceto aqueles que se encontravam ainda a bordo da frota humana.
Finalmente, Kara coloca na Galactica as coordenadas que os levam ao novo Planeta Terra. Lá, chegam os últimos sobreviventes humanos e alguns poucos cylons. Já existem alguns seres humanos lá, com o qual é possível que eles procriem. O cruzamento, porém, dará origem a uma nova espécie (nós), por isso, o planeta Terra é o destino final da raça humana (das 12 colônias). E é por isso que se dizia que Kara levaria a raça humana ao seu fim.
Também é por isso que Baltar e Six estavam incumbidos de proteger Hera, a primeira desta nova raça. Aparentemente, todos os conselhos que Caprica dava a Baltar tinham por finalidade que ele seguisse o plano de Daniel.
Ok, certo, algumas coisas não se encaixam? Concorda? Discorda? Manda bala nos comentários! E se quiser saber mais sobre a série, aqui não mais alguns links interessantes:
Perfeito. Resumiu bem.
Acabei de terminar a série. Eu entendo que eles voltaram no passado. Tipo um restart e começaram tudo do zero. E isso ficaria um look infinito. Tá tô que eles diziam que “isso já aconteceu antes”.
Top.
Deveriam fazer uma série de Kobol!