Acabei de zerar esse aguardadíssimo jogo e só tenho quatro palavras: PUTA QUE O PARIU!!! Que jogo FODA! Mas comecemos do começo, sem spoilers…
O primeiro Max Payne foi lançado em 2001. Seu sucessor foi lançado dois anos depois e continuava a história de um policial amargurado com o assassinato de sua esposa e filha, envolvido numa estória cheia de conspirações, traição e referências à mitologia nórdica. Nada a ver com aquele horrível filme que saiu uns anos atrás.
Foi uma espera de 9 anos pela terceira parte de uma franquia que mostrou-se promissora. Não apenas por trazer o efeito “bullet time” para os vídeo games, mas sobretudo pelo ótimo enredo em torno do personagem principal. Porém, esta terceira parte não tem absolutamente NADA a ver com seus predecessores, o que é ótimo para quem é marinheiro de primeira viagem: não é necessário ter jogado as duas primeiras partes para entender a sequência. É claro, o passado de Max está lá, ainda o assombrando, o que o transforma num ex-policial em fim de carreira, com muito álcool no sangue e prestes a meter uma bala na própria cabeça. O que parece clichê, na verdade, serve de justificativa para transformar esse cara, que antes era rodeado por uma melancolia que faria inveja em qualquer Dylan Dog, para transformá-lo num cara que faria John McClane chorar como uma menininha.
Sim, nesse jogo, ele enfrenta exércitos de inimigos sozinho, sai explodindo tudo que vê pela frente, se fode um monte e continua indo pra cima de qualquer idiota que ainda esteja atirando nele depois disso tudo. Nada muito original, é verdade, mas é muito foda! Ação empolgante do começo ao fim em 14 capítulos do jogo que ocupa 2 CDs no Xbox.
Falando do enredo: talvez todo mundo já saiba, mas é bom lembrar que Max largou sua vida nos EUA e veio trabalhar como guarda-costas no Brasil, mais precisamente, em São Paulo. Ocorre que seus patrões acabam sendo vítimas de ataque de uma organização criminosa chamada “Comando Sombra”. Max vai atrás da mulher do seu patrão que fora sequestrada pelos bandidos, mas esse é só o começo de um roteiro muito bem intrincado. Falar mais estraga as surpresas.
São Paulo, na verdade, acaba sendo uma mistura de São Paulo, com Manaus e Rio de Janeiro… heheeh. Mas esses “erros” parecem ter sido propositais, de forma a fazer uma homenagem a todo o país. Digo isso porque a caracterização está perfeita, não só dos cenários, mas também dos diálogos, que são ótimos. Parece que foi feito um intenso trabalho de pesquisa para caracterizar até mesmo os bandidos, que xingam a todo momento, usam as gírias da favela e por aí vai. Chega até a ser engraçado o bandido se rendendo e dizendo “Perdi, perdi! Não me mata!” em certa parte do jogo.
E um dos itens da pesquisa deve ter sido assistir a “Tropa de Elite” um zilhão de vocês. Jogue o jogo e você vai entender o que eu estou querendo dizer…
Cenários aqui no Brasil incluem uma boate, um estádio de futebol, o rio Tietê (que acaba culminando numa perseguição de barco no meio da floresta, daí a comparação com Manaus), favelas e as duas últimas, que são as melhores: delegacia de polícia e aeroporto. Também há duas fases “flashback” que mostram Max ainda nos EUA e contam como é que ele veio parar no Brasil e também uma no Panamá que se passa num iate digno de cenário dos filmes de James Bond.
Gráficos excelentes, diálogos bem construídos, história muito boa, som ótimo… enfim, quase tudo perfeito. Digo QUASE porque tem um ou outro detalhe que poderia ter sido melhorado. Por exemplo, quando você termina de matar os bandidos de uma parte da fase e avança para a próxima, não é possível voltar para a parte anterior e explorar o cenário. E muitas vezes você está mais preocupado em não levar tiros, então fica difícil procurar os itens escondidos (ainda assim, consegui pegar mais da metade das golden guns e das pistas pelo meio do caminho). Também é possível selecionar as fases, mas a seleção de “checkpoints” se dá através de números, sem nenhuma referência por fotos ou nada do tipo. Ou seja, você pode selecionar o checkpoint “12” da fase “2”, mas não tem a mínima ideia de onde vai parar, de modo que se você quer ir direto para uma parte específica, tem que ficar indo e voltando ao menu principal até acertar.
A variedade de armas é enorme e uma novidade é um novo uso dos “painkillers”, que agora servem não apenas para recuperar sua saúde, mas também pra lhe trazer “de volta à vida”: Se, por exemplo, um bandido atira em você (exceto se for headshot) e consome seu último “fiapo” de energia, você tem alguns segundos para matar esse bandido. Se você conseguir, consome um “painkiller” e está de volta ao jogo. Se não conseguir ou não tiver mais os analgésicos, você morre.
Parece legal, mas tem lá suas desvantagens… por mais que você consiga matar o bandido, você cai de costas no chão, o que dificulta continuar atirando em outros bandidos que possam estar vindo lhe atacar e você acaba morrendo de qualquer jeito. Além disso, dependendo do ponto do cenário onde você está, você não consegue “ver” o bandido que lhe atingiu, por mais que ele esteja bem na sua frente… ele pode acabar sendo obstruído por uma quina ou algo assim e você não conseguirá atingi-lo.
Mas sem problema, se você não gostou dessa melhoria, depois que zerar o jogo você pode escolher o modo “Old School”, que é o modo mais difícil e traz o jogo de volta como antigamente, ou seja, não importa o número de painkillers que você tem: se for atingido, você vai morrer.
Outro pronto fraco é que na minha opinião, as armas com mira a laser são muito piores de mirar do que as comuns… mas em certo ponto, é tudo o que você tem. São detalhes que poderiam ser melhorados, mas que nem de longe estragam a enorme experiência que é controlar um Max Payne enfurecido.
E a última fase é FODA, em todos os sentidos. Segue bem aquela regrinha básica de que o jogo inteiro foi um “treino” para encará-la, pois você precisa de todos os seus recursos para superá-la. Todas as fases têm uma ou outra parte mais “complicada”. Na última, TODAS as partes são “complicadas”… então, imagine como é a parte final.
Mas vale a pena, porque logo depois você segue destruindo tudo pela frente para impedir o vilão de fugir… e também vale para ver o que Max faz com ele no final. Ótimo jogo!
Max Payne… bem-vindo ao Brasil!

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