Publicada originalmente na forma de 4 volumes, Persépolis logo ganhou o mundo devido à sua comovente história, mas sem parecer piegas demais e, sempre que possível, com muito bom humor. A autora, Marjane Satrapi, conta boa parte de sua vida e, consequentemente, da história do Irã.
Acompanhamos uma infância difícil, com a chegada do véu que ninguém entendia direito, e uma série de dificuldades que levou-a à Europa na adolescência. Mas mesmo longe da guerra, as coisas não eram menos difíceis e Marjane acabaria voltando ao seu país natal, entraria em depressão, casaria, seria infeliz… enfim, a história é tão rica em detalhes que fica difícil de resumi-la em tão poucas linhas, e é justamente por isso que se trata de uma obra-prima.
Os quadrinhos foram adaptados na forma de uma animação em 2008, chegando a ser indicada ao Oscar. Por aqui, o DVD acaba de ser lançado, e eu fui correndo comprar.
Obviamente, a adaptação nunca é tão rica em detlahes quanto o original, mas ainda assim, o filme é bem fiel e transmite a mensagem. Todas as principais passagens do livro estão lá… a visita ao tio na infância, antes dele ser executado, as festas na surdina, o “contrabando” de fitas de rock’n roll, os amigos punks da Europa, os canalhas que ela conheceu, enfim… está tudo lá.
E o disco dois ainda traz vários extras muito bons. Temos dois documentários falando dos bastidores, passando uma breve noção da trabalheira que dá produzir uma animação desse tipo. A equipe é enorme. Acho que dá mais trabalho do que fazer cinema, propriamente dito.
E nesse caso, os atores que dublam as personagens tiveram que se virar sem imagens, pois o filme ainda não estava pronto enquanto eles trabalhavam.
Marjane coordenou tudo, junto com seu amigo Vincent… eles cuidaram do roteiro e dos desenhos, e ela se metia em toda parte da produção. É muito engraçado ver ela imitando as personagens.
Tem também uma coletiva em Cannes sobre o filme… muito legal. São feitas perguntas diversas, inclusive por um jornalista brasileiro, mas claro que por vezes o assunto recai na situação do Irã, embora Marjane se esforce em não criar polêmicas. Ela parece ser uma pessoa sensata e muito esforçada.
Outros extras contemplam uma versão Mp4 do filme, algumas cenas comentadas e comparação de animações, mostrando algumas cenas que não foram incluídas, incluindo uma que mostraria a tentativa de suicídio de Marjane.
Mas uma das coisas mais engraçadas nos extras é ver a própria Marjane cantando “Eye of the Tiger”, totalmente desafinada… quase me engasguei de tanto dar risada.
Material de primeira… tanto os quadrinhos quanto o DVD… altamente recomendáveis!