Dois jogos de terror com premissas e jogabilidade extremamente parecidas. Qual o melhor?

Recentemente joguei The Quarry, jogo de 2022 que me lembrou muito o Until Dawn, de 2015, originalmente para PS4. A premissa é essencialmente a mesma e você já se deparou com ela dezenas de vezes nos slashers genéricos dos anos 80 e 90: um bando de adolescentes isolados em uma região inóspita e caçados por algum maníaco ou alguma coisa.

No quesito gráfico, apesar dos 7 anos de diferença entre eles, ambos mandam muito bem, tanto no cenário quanto em personagens, que usa atores reais para captura de movimento. Alguns você vai reconhecer de cara, já outros não são tão conhecidos.

Outra semelhança entre os dois jogos é a jogabilidade. Eu confesso que não sou muito fã do estilo “point and click”, como já devo ter falado aqui outras vezes, então o jogo tem que me cativar muito pela história para que eu insista. Ambos os jogos aqui são nesse estilo, variando de personagens em vários momentos e contando a história através de capítulos. A exploração é alternada com momentos de decisão nos diálogos e algumas cenas de ação no qual você te que ser rápido no controle para evitar obstáculos ou atirar em inimigos, o que é mais raro, já que são jogos de suspense/terror.

Também há segredos a serem descobertos e entre os capítulos, você é transportado para uma sala na qual conversa com um personagem misterioso que analisa sua situação e pode ou não lhe dar dicas do que está acontecendo.

Mas as semelhanças param por aí. Enquanto que Until Dawn vai mais direto ao ponto, sem perder muito tempo apresentando os personagens e já mergulhando direto no suspense, The Quarry gasta quase um terço do jogo com introdução de dramas adolescentes que ninguém quer saber. Com uma narrativa arrastada e irritante, você perde um tempão vendo diálogos que em nada acrescentam à trama principal, e que poderiam muito bem serem ouvidos enquanto você fizesse uma exploração do cenário ou algo assim. Mas não, o jogo insiste em te colocar em cinemáticas para lá de entediantes.

É claro, os estereótipos estão lá nos dois jogos: o atleta babaca, a gostosa metida, a nerdzinha, o introvertido, e por aí vai. Por vezes você quer superar seu instinto de proteger o jogador que está controlando, só pra ver ele ser dilacerado de alguma forma cruel. Mas apenar disso, Until Dawn só foca nas bobalhices dos personagens mais no começo, como quase todo filme de terror. Em cerca de 1 hora de jogo você já começa a ver coisas estranhas, visitar cenários esquisitos e esse tipo de coisa.

Em The Quarry, eles perdem um tempão pegando mochilas para ir embora, conhecendo o acampamento, tendo diálogos horríveis, aí decidem ficar mais um tempo no local (óbvio, senão não teria história), vão acender fogueira, mais diálogos sofríveis, jogo de verdade ou desafio, mais quinhentos diálogos sofríveis… e quando você vê já passou mais de duas horas de gameplay e nada aconteceu. Lembra no começo quando eu disse que um jogo assim precisava ter uma história cativante pra me forçar a ir em frente? Não foi o caso aqui. Não sei explicar o que foi, acho que uma mistura de masoquismo e curiosidade mórbida. E torcer para adolescentes idiotas morrerem.

Também há uma diferença nos colecionáveis. Se em Until Dawn encontrar totens indígenas lhe dava dicas do que poderia acontecer mais pra frente para que você pudesse evitar, em The Quarry achar cartas de tarô não parece ter utilidade nenhuma. Você até tem um vislumbre de um possível futuro, mas que pelo menos até onde eu pude ver, não serviu pra nada.

Finalmente, temos o desfecho das histórias. Se em Until Dawn você se envolve na narrativa, que acaba tendo mais de uma camada, The Quarry apela para forçação de barra, sem realmente convencer o espectador do que quer que o jogo tenta lhe vender. Bastante patético. No fim, eu só estava jogando com a maior pressa possível para que a tortura acabasse de vez.

Until Down depois ganhou um filme, que descarta quase que totalmente a história do jogo e foca em uma história nova: personagens presos em um loop eterno no qual a cada noite, eles morrem de um jeito diferente. Mas só há um número limitado de mortes que eles podem suportar até ficarem presos para sempre. Bem legalzinho.

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